O governo se tornou a principal fonte de incerteza para a economia. Analistas reunidos ontem com diretores do Banco Central deixaram claro que há um temor generalizado no mercado em relação às contas públicas. O medo é de que o Ministério da Economia seja obrigado a abrir os cofres para bancar medidas populistas a fim de fortalecer a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Os especialistas foram contundentes: “O governo entrou no modo eleição”. E isso terá um preço alto.
Pelas projeções apresentadas aos diretores do BC, parte dos analistas trabalha com a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) crescer apenas 1% em 2022. No melhor dos cenários, o avanço econômico será de 2%. Ou seja, com um incremento da atividade nesse ritmo, será impossível reverter o desemprego, que atinge quase 15 milhões de brasileiros. Na visão dos analistas, o crescimento pífio da produção e do consumo decorrerá da inflação e dos juros mais altos.
Todas as estimativas pessimistas têm por base a grave crise fiscal que está se desenhando. O governo apresentou ao Legislativo uma proposta de reforma tributária que se transformou em um saco de gatos, em que cada parcela dos envolvidos quer garantir um naco maior de receitas do Orçamento da União. Estados, municípios e Tesouro Nacional não se entendem. O quadro se agrava porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, abandonou o comando das negociações. Tudo está nas mãos do Congresso, que, a todo momento, se rende aos lobbies dos que gritam mais alto.
Para se ter uma ideia da confusão em torno da reforma do Imposto de Renda, que se arrasta na Câmara dos Deputados, parte da equipe econômica que preza pelo ajuste fiscal diz que é melhor deixar tudo do jeito que está. Essa ala mais responsável afirma que a discussão sobre a reforma começou errada, pois partiu do pressuposto de que as mudanças teriam que atender os pleitos eleitoreiros do Palácio do Planalto. Primeiro, ao corrigir a tabela do IR, promessa de campanha de Jair Bolsonaro. Segundo, ao atrelar o fortalecimento do Bolsa Família, batizado de Auxílio Brasil, à taxação de lucros e dividendos — uma medida correta, mas que precisa de um bom debate.
Não é só. A reforma tributária e o Auxílio Brasil estão atrelados à polêmica PEC dos precatórios, que prevê o parcelamento dos pagamentos de dívidas do governo reconhecidas pela Justiça, visto como um calote. A proposta abarca a criação de um fundo de ativos, que ficará fora do teto de gastos, e fragiliza a regra de ouro, que impede o endividamento do Tesouro Nacional para pagar despesas correntes, como salários de servidores e aposentadorias. Os analistas dizem que, do jeito que tudo foi colocado, a percepção é de que o compromisso em reverter os deficits fiscais foi rasgado por completo.
O Banco Central entendeu todos os avisos. E o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, vem, reiteradamente, alardeando todos os riscos que o país está correndo. Ele é claro: sozinha, aumentando juros, a autoridade monetária não será capaz de conter o desastre anunciado. Sendo assim, é muito importante que a unidade do governo seja retomada e que o chefe do Executivo lidere o processo de colocar a casa em ordem. Ainda há tempo de evitar o pior. Mas o Brasil que conseguiu sair da beira do precipício voltou a flertar com o abismo. O resultado todos conhecem: recessão, mais desemprego, fome e miséria. Um verdadeiro filme de terror.
Sr. Redator
Cartas ao Sr. Redator devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome e endereço completo, fotocópia de identidade e telefone para contato. E-mail: sredat.df@dabr.com.br
Ferrovias
Excelentes matérias foram publicadas pelo Correio Braziliense sobre os problemas das ferrovias no Brasil. Sabe-se que todos os países continentais, isto é, com vastos territórios, implantaram e utilizam fartamente o transporte ferroviário, menos o Brasil, que reduziu a malha e favoreceu o uso da estrada de rodagem ou a utilização de caminhões e automóveis. Em outras palavras: o pneu venceu o trilho, o que ocasiona custos mais elevados dos fretes e transportes. Igualmente encarece os produtos transportados e o bilhete para o passageiro. Pôde-se sugerir que o sistema ferroviário volte a ser mais importante e, por isso, receba investimentos e maior utilização, inclusive de passageiros nas grandes metrópoles, Brasília nelas incluída. Esperança de barateamento dos transportes de pessoas e mercadorias.
Aldo Paviani, Lago Sul
Credenciais
O leitor Jeovah Ferreira foi muito feliz em seus versinhos sobre a palhaçada dos espertalhões que só sabem enganar o povo. Outro leitor, condoído do presidente “honesto e cristão”, se esquece de que ser cristão não é credencial nem atestado de honestidade. Só não convém citar nomes pelo risco de faltar alguns. O “honesto e cristão” presidente ofende a democracia, o Estado de direito, planeja golpes, arma conflitos e é chamado de ‘honesto’? Aras bolas! E viva o Luiz Turiba: “Descalços d’alma, com os pés nos riachos da ilusão” (e da bobeira de tantos)...
Thelma B. Oliveira, Asa Norte
Alimentação
Assisti a uma reportagem na tevê mostrando uma mãe carente comprando pacotes do macarrão miojo em um supermercado. Ao ser entrevistada, ela declarou que alimenta seus filhos exclusivamente com esse produto, porque era barato e era a única comida que conseguia comprar com seus parcos rendimentos. Apesar do preço acessível e facilidade de preparo, sabe-se que esse produto está longe de ser um alimento completo para crianças em crescimento. Lembrei dos nossos pets, que são alimentados somente com rações industrializadas e crescem fortes e saudáveis. Provavelmente, essas rações são melhores que os miojos para humanos. Existem muitas pesquisas para a formulação de alimentos humanos mais nutritivos utilizando insumos de baixo custo, como as vísceras de aves e de gado. Caberia ao governo incentivar a produção industrial e a distribuição social desse tipo de alimento, indevidamente chamado de “ração” humana. Provavelmente, isso seria mais adequado do que fornecer auxílios emergenciais para incentivar o consumo de macarrões industrializados.
Itiro Iida, Asa Norte
Tensões
Estamos observando que, ao passo que se aproxima o 7 de setembro/2021, a fervura aumenta nas relações dos Três Poderes independentes e harmônicos, conforme prescreve a Constituição. Mas essa fervura vem acontecendo por causa das desconfianças sobre o sistema de votação eletrônica, campanhas no parlamento pela não aprovação do voto impresso e auditável, prisões sem inquéritos abertos pelo MPF do deputado federal Silveira, do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, inclusão do nome do presidente Bolsonaro em inquéritos de fake news, causado pela live e transmitida aos brasileiros e ao mundo etc.Por outro lado, não observamos prisões de pessoas que apoiam os partidos de esquerdas com ene casos de propagações e ilações negativas contra a pessoa do Presidente da República. Ora, ora! Se há excessos de todos, as punições deveriam ser carreadas para todos os lados; seja de direita, seja de esquerda, seja de centro. Pedidos de impeachment deverão ser considerados normais ao espelho constitucional vigente. Por que só avaliam como normais pedidos contra o Bolsonaro? E até quando presenciarmos essas fervuras? Será o que poderá vir, marcante nossa história, por meio desse grande movimento arquitetado por artistas sertanejos, caminhoneiros e empresários do agronegócio?Observa-se que as Forças Armadas devem estar bem atentas aos mínimos detalhes... Deus, ó Deus, ilumine nossa pátria amada! Deus, nosso Senhor, afaste esse clima hostil, envolto nos Três Poderes e, assim, ilumine nossa terra Idolatrada.
Antônio Carlos Sampaio Machado, Águas Claras
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
Talibã promete que mulheres serão respeitadas desde que obedeçam às regras da sharia. Tempos difíceis para as mulheres afegãs.
José Matias-Pereira — Lago Sul
Ex-secretário de Saúde viaja com pensamento positivo e é preso pela Operação Falso Negativo. É... Os opostos não têm mesmo nenhum atrativo!
Marcelo Pompom —Taguatinga Norte
“Só no nosso, Datena”, exclama Bolsonaro. Indignado e surpreso, com as diversas notícias-crimes contra ele, no Supremo Tribunal Federal.
Vicente Limongi Netto — Lago Norte
O Grande Prêmio de São Paulo 2021 da F-1 poderá ser o maior evento esportivo com público do continente em meio a pandemia.
José Ribamar Pinheiro Filho — Asa Norte
“Democracia”: autoridade que acusa é a mesma que julga, condena e prende. Haja direito e racionalidade!
Benedito Pereira da Costa — Asa Norte