Opinião

Artigo: Eterno tropicalista

São incontáveis os projetos de artistas da música popular brasileira que deixaram de ser concretizados por conta do surgimento da pandemia. Em 8 de fevereiro de 2020 comemorei o meu aniversário assistindo no Teatro Castro Alves, em Salvador, a estreia do show de Caetano Veloso e do clarinetista Ivan Sacerdote, para lançamento do álbum que haviam gravado juntos. No bate-papo com o cantor e compositor baiano depois da apresentação, entusiasmado, ele falou sobre turnê com aquele espetáculo — que passaria por Brasília. Em março, a excursão pelo país teve que ser cancelada.

Mas, durante a interminável quarentena, Caetano não parou de trabalhar. As duas lives que fez, ambas com a participação dos filhos Moreno, Zeca e Tom — a primeira em casa, em 7 de agosto, em comemoração aos seus 78 anos; e a segunda, Vai ter Natal, em 19 de dezembro, no Teatro Claro Rio — foram muito elogiadas.

O eterno tropicalista fez mais. Lançou o documentário Narciso em férias, no qual narra fatos ocorridos nos 54 dias em que esteve preso, entre dezembro de 1968 e fevereiro de 1969, por determinação da ditadura militar.

No momento Caetano produz um disco de canções inéditas – o primeiro desde o Abraçaço, de 2012 – e tem guardado segredo quanto às canções que estão sendo gravadas. Mas há possibilidade de ele incluir no repertório, por exemplo, músicas que compôs no verão de 2019, na capital baiana, entre elas Nave mãe; Pardo, que fez para a cantora Céu; e Autoacalanto, criada para homenagear o neto Benjamim (filho de Tom e Jasmine); nascido em 14 de maio de 2020; e Talvez, parceria de Tom com violonista santamarense César Mendes.

Mas, por enquanto, o que já está definido pela produção do artista, é a série de três shows intimistas, de voz e violão, que ele fará por cidades europeias neste mês: dia 26, em Hamburgo (Alemanha); dia 28, em Paris (França); e dia 30 em Bruxelas (Bélgica). No próximo sábado, ele completa 79 anos. Os fãs poderão celebrar a data assistindo no Canal Bis, às 20h, ao programa Vamos Tocar, apresentado pelo saxofonista Léo Gandelman. Neste encontro, os dois mostram novas versões de clássicos como Coração vagabundo, Sampa e Desde que o samba é samba. Vida longa para Caetano Veloso.