Editorial

Visão do Correio: Não é hora para relaxar

As médias móveis diárias de casos e de mortes também tiveram reduções significativas. No caso dos óbitos, a média, que chegou a 3 mil por dia, tem ficado abaixo, embora ainda próxima, de 1 mil há cerca de duas semanas, ou seja, em patamar ainda bem alto

Correio Braziliense
postado em 16/08/2021 06:00
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Não resta dúvida de que, após quase um ano e meio de pandemia, as últimas notícias e números da covid-19 no Brasil são relativamente positivos. Na semana passada, a ocupação de leitos de UTI destinados à enfermidade caiu pelo menos ao nível de alerta intermediário — abaixo dos 80% — em todos os estados brasileiros, o que não ocorria desde outubro do ano passado. As médias móveis diárias de casos e de mortes também tiveram reduções significativas. No caso dos óbitos, a média, que chegou a 3 mil por dia, tem ficado abaixo, embora ainda próxima, de 1 mil há cerca de duas semanas, ou seja, em patamar ainda bem alto.

Também não há por que duvidar de que a melhora dos números tenha relação direta com o avanço na vacinação, que ganhou ritmo mais forte, embora ainda abaixo do desejável, propiciando a primeira dose a mais da metade da população. Entretanto, apenas aproximadamente um quarto dos brasileiros recebeu as duas aplicações, que garantem a imunização completa.

Portanto, se as estatísticas sugerem algum alívio, ainda não é momento para relaxar. Antes, pelo contrário, a hora é de manter, senão de redobrar, os cuidados. E há motivos para isso. O principal deles é a disseminação da variante delta do coronavírus, detectada primeiramente na Índia, com alto grau de transmissibilidade, que logo se espalhou e tornou-se dominante em outros locais.

Por causa da nova cepa, os casos e as internações voltaram a aumentar e causar problemas em países com vacinação bem mais avançada do que o Brasil, como os EUA e o Reino Unido, nos quais vêm sendo retomadas medidas de distanciamento social e uso de máscaras em determinadas situações, que já haviam sido flexibilizadas.

A China, que dava a pandemia como praticamente controlada, enfrenta o pior surto desde o surgimento da doença, no fim de 2019, em Wuhan, com a variante delta detectada em pelo menos 16 províncias e cidades, o que levou a novas restrições de transporte e circulação, afetando milhões de habitantes. Até em Israel, onde a vacinação está bastante adiantada, alcançando 80% da população adulta, a delta levou as internações ao maior nível desde fevereiro, indicando a adoção de novos esquemas de lockdown.

Tudo isso evidencia que cabe ao Brasil se precaver, pois também aqui a cepa delta vai se espalhando rapidamente e já está presente na maioria dos estados. E a melhor precaução é acelerar a vacinação, uma vez que estudos nos Estados Unidos e em Portugal mostram que mais de 99% das mortes recentes por covid-19 foram de pacientes sem a imunização completa.

O cenário ressalta, ainda, a importância de que as pessoas que já tomaram a primeira dose não deixem de buscar a segunda (exceto no caso da vacina de dose única, é claro). Na semana passada, segundo o Ministério da Saúde, havia 7 milhões de brasileiros com a segunda injeção, para a qual já estavam aptos, pendente, o que levou o ministro Marcelo Queiroga a fazer novo apelo para que esse contingente procure os postos. Também seria pertinente já começar a planejar, a exemplo do que ocorre em outros países, a aplicação de uma terceira dose, de reforço, para os segmentos mais vulneráveis à infecção.

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