O Brasil vive um momento crucial na pandemia. Até agora, cerca de 70% da população adulta – em torno de 110 milhões de pessoas – tomou ao menos uma dose de vacina contra o coronavírus. E os resultados são animadores. Desde que a campanha nacional de imunização começou a avançar, ainda que em ritmo abaixo do considerado ideal por imunologistas, o país assiste a uma queda na média móvel de mortes, de casos e de internações. Mas há perigo na esquina: a escalada da variante Delta. A temida mutação, surgida na Índia, já está entre nós e apavora o mundo.
Nos Estados Unidos, a taxa de vacinação de adultos com ao menos uma injeção esbarrou na resistência de negacionistas e estacionou desde julho no mesmo patamar atual do Brasil. Mas, lá, metade dos americanos está totalmente imunizada, contra apenas pouco mais de 20% dos brasileiros. Mesmo assim, os EUA enfrentam uma escalada de casos e de mortes provocados pela Delta. O mesmo ocorre na União Europeia, onde, apesar da imunização ainda mais avançada, países como Reino Unido, França, Portugal e Espanha encontram-se às voltas com o número crescente de diagnósticos da nova mutação.
Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) atestar que a Delta não é mais letal que os coronavírus já conhecidos até aqui, estudos comprovam que a cepa é altamente contagiosa e infecta tanto imunizados quanto indivíduos que não tomaram vacina. Contudo, há um fato incontestável a favor da ciência: nos EUA, 99% dos óbitos e casos graves relacionados à variante são de pessoas que não estavam vacinadas.Mas como imunizados e não imunizados transmitem igualmente o vírus, ninguém deve relaxar nas medidas protetivas. Sobretudo, no uso de máscaras.
Ao contrário desses países, que fazem testagem em massa e podem acompanhar mais de perto e com mais precisão a disseminação da Delta, o Brasil não tem a dimensão da transmissão comunitária da variante em território nacional. Até o momento, o país coleciona bons dados relacionados à vacinação. Na última quinta-feira, por exemplo, depois de mais de 200 dias, a média móvel de mortes por covid-19 no território nacional ficou abaixo de 900, a menor desde 8 de janeiro. É eficácia para negacionista nenhum botar defeito.
No entanto, há entre especialistas um temor quase generalizado de a Delta impulsionar uma terceira onda de coronavírus num Brasil já tão traumatizado com a crise sanitária. Até agora, o flagelo tirou a vida de mais de 560 mil brasileiros e infectou cerca de 20 milhões. Aberta pelo Senado, a CPI da Covid investiga as causas e os possíveis responsáveis por o país ter sucumbido a um desastre dessa magnitude. Ainda mais porque, antes de eclodir a atual pandemia, a expertise do Sistema Único de Saúde (SUS) em campanhas nacionais de imunização era apontado pela OMS como exemplo a ser seguido no mundo inteiro.
Hoje, com um presidente que se recusa a usar máscara e resiste a tomar vacina, o país passou a ser visto com desconfiança no exterior. Mesmo assim, como atesta pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), se depender da população, o Brasil vai derrotar o negacionismo de goleada. Nove a cada 10 brasileiros, mostrou o levantamento, fazem questão de se imunizar contra a covid-19. É vacinado, e também com máscara até quando for preciso, que vamos derrotar o coronavírus.
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