O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do Governo de São Paulo, Paulo Menezes, disse que a ButanVac, vacina contra a covid-19 em testes no Instituto Butantan, pode ter maior eficácia do que a primeira geração de imunizantes. “A vantagem da ButanVac é que a resposta imune tende a ser mais intensa do que as com o vírus inativado (como é o caso da CoronaVac, produzida em São Paulo em parceria com a chinesa Sinovac)”, disse Menezes, durante participação na live do Valor. Segundo ele, o imunizante nacional é mais fácil de ser atualizado para as novas variantes do vírus.
Ele alertou que a variante de Manaus do novo coronavírus está presente em quase todo o território. Ponderou, no entanto, que ainda não há dados que confirmem maior gravidade da doença a partir dessa mutação. “A variante de Manaus está presente em quase todas as regiões. Já identificamos em 90% das amostras coletadas. Em janeiro, o índice era de 20%.”
O médico é um dos 21 membros do centro criado pelo governo paulista para monitorar o avanço da pandemia e as medidas de restrição para conter a disseminação do vírus. Ele manifestou otimismo de que a crise sanitária tenha mais estabilidade a partir de agora. “Conforme a vacinação progrida, acho que teremos mais estabilidade na evolução da pandemia. Vacinação reduz necessidade de internação, perda de vidas e permite que continuemos a conviver com o vírus mais controladamente, apesar de novas cepas, como a Delta.”
Segundo Menezes, o aprendizado do grupo técnico em relação às medidas para conter a circulação de pessoas avançou nos últimos meses. “O cenário é mais promissor no futuro do que tivemos até agora.” O médico esclareceu que os indicadores disponíveis previam a piora acentuada da pandemia a partir de fevereiro. “Tivemos redução de internações e casos em janeiro, mas voltaram a subir em fevereiro.”
Mesmo com o avanço da vacinação, Menezes explicou que os cuidados, como uso de máscaras, deverão continuar. “A circulação do vírus em pessoas adultas vai continuar intensa.” Ele lembrou que os casos graves da doença também acometem os jovens. “A gravidade da doença está relacionada à idade e a comorbidades, mas não significa que pessoa jovem não possa ter quadro grave da doença, o que está acontecendo e crescendo até em crianças.”
Maria Clara do Prado, d’O Valor, mostra-nos a conduta tenebrosa do presidente, o outro lado da questão epidêmica no Brasil: o lado político. “Pego de surpresa e sem competência para lidar com o desafio da pandemia, em vez de combater o Sars-Cov-2, o presidente preferiu menosprezá-lo e ficou refém do inesperado. Optou por um discurso que insuflou a população com atitudes de confronto, estimulou aglomerações, condenou o uso de máscaras e desprezou vacinas. Comporta-se como se o vírus fosse o seu inimigo político número um. Seu governo vai passar para a história como aquele em que faltou vacina na pandemia e que agiu tarde demais!”
Bolsonaro apostou no contrassenso e paga um preço político por isso. Xinga os senadores da CPI — Comissão Parlamentar de Inquérito — que investiga os atos (e não atos) do governo relacionados à pandemia. O presidente tenta desviar a atenção do povo, mas, até agora, sem êxito.
A CPI segue com os depoimentos, e a investigação parece ter esbarrado naquilo que, há poucas semanas, a sociedade desconhecia: a suspeita de uma rede de corrupção, próxima a Bolsonaro e ao Ministério da Saúde, relacionada à compra de vacinas. De novo, o presidente prefere agir como se a realidade não existisse, diz que “caga” para a CPI.
Arroubos bolsonarianos crescem à medida que as pesquisas de opinião revelam queda acentuada da preferência do eleitorado por ele nas eleições de 2022. Na última pesquisa Datafolha, ele perderia no segundo turno para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para o governador de São Paulo, João Doria, e para o ex-governador do Ceará Ciro Gomes — já se trabalha com a hipótese de Bolsonaro não passar do primeiro turno.
Quanto mais cai nas pesquisas, mais ataca a urna eletrônica, outro grande inimigo declarado. Contra ela, Bolsonaro tenta enfrentar um rival fantasioso. Ameaça que não haverá eleições se não houver voto impresso, retórica sem sentido em um país que, há muitos anos, não ouve falar de fraude eleitoral e cujo sistema de votação tem sido considerado um exemplo a ser seguido. Sua demonstração, sim, é fraudulenta, sem controle do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De resto, Bolsonaro passou a vida como deputado eleito por urnas eletrônicas, tanto quanto os filhos. Um senador, um deputado federal e o é outro vereador no Rio. Essa gente vive à custa da nação. Mas trabalhar mesmo nenhum quer. Vivem das sinecuras que a vida propícia aos políticos. Finalmente, não é só na saúde e na compra de vacinas que a corrupção está vindo a público. Pois o tal ex-ministro do Meio Ambiente não botou macacão para ir ao norte, apressar o transporte de madeiras extraídas ilegalmente da floresta? Sem falar na ex-cunhada o acusando e ao filho senador de praticarem “rachadinhas”.
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