Quem se der ao trabalho de verificar a coloração político-ideológica que tinge o mapa da América do Sul, composto por doze países, poderá constatar que, neste momento da nossa história, seis nações estão sob governos de esquerda e outras seis estão em mãos de governos de direita.
À primeira vista, não há nada de importante nesse fato, uma vez que governos e ideologias vão e vem ao sabor da mudança dos desejos da sociedade ao longo do tempo. Também é preciso atentar para o fato de que em países do nosso continente, tanto a ilha dos irmãos Castro quanto a Venezuela, uma espécie de filha bastarda de Cuba, estão há anos sob o cobertor espinhento do comunismo, não por vontade expressa de suas populações, mas pelo desejo sádico de uma camarilha que comanda essas localidades a ferro e fogo.
O mesmo se pode dizer de países centro-americanos como a Nicarágua, transformada numa espécie de megacárcere pelo ditador Daniel Ortega, que não admite o surgimento de opositores. Ele arruma rapidamente um jeito de mandá-los para a cadeia sob falsas alegações de crime.
Para muitos analistas, a Nicarágua se transformou num verdadeiro “Gulag” da região, com perseguições a políticos, jornalistas, religiosos e organizações civis. Governando desde 1997 aquele país, Ortega é hoje um dos símbolos máximos e um exemplo de personalidade política apenas para as esquerdas de outros países, já que, dentro daquele território, é malquisto pela maioria dos políticos nicaraguenses.
Ortega, Maduro, Díaz-Canel e outros ditadores de esquerda da nossa triste América compõem o panteão do que restou de velhas figuras caricatas, que ainda são tomadas como exemplos de governo a ser seguido em caso de uma nova vitória dos petistas nas próximas eleições de 2022.
É o que há de novo nesse horizonte de escombros. A guinada do Brasil para a direita não teve o condão de incentivar outras mudanças no continente e muito menos serviu de exemplo para parcela de nossos irmãos latino-americanos, colocados sob o tacão de ditadores de esquerda. Pelo contrário. A nossa situação política atual parece ter servido de alerta para os perigos que rondam aquelas nações, que, para fugirem das esquerdas, se atiram nos braços da direita, como num bote salva-vidas.
Pelo menos fica a lição de que não é pela via ideológica, tão somente, que um país pode experimentar sua imersão num ambiente de pleno desenvolvimento social e econômico. A performance do nosso atual governo tem servido como alerta para os muitos inconvenientes obtidos com “saídas fáceis”, que deixam de lado as verdadeiras opções que poderiam fazer a diferença para o bem de todos.
O lulopetismo tem aproveitado, como pode, desse balanço equilibrado entre esquerda e direita no continente para dar início ao que seria um revival, com o retorno do Partido dos Trabalhadores ao comando do país. Tem aproveitado, também, as muitas falhas do atual governo na pavimentação de uma via expressa que poderá levá-los, novamente, a subir a rampa do Palácio do Planalto.
No momento, são apenas possibilidades, mas que contam com o apoio explícito dos companheiros do continente e dos desacertos deste governo, que elegeu como adversários não os opositores reais, mas a sombra imensa de seus próprios erros.
Enquanto o país não amadurece politicamente, o perigo de voltarmos ao outro lado do abismo é grande.