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Trabalho infantil

O trabalho infantil é penoso e extenuante, seja em carvoarias, em olarias, quebrando castanhas, seja servindo de criadas, sem direitos e sem tréguas. A criança não é — nem nunca foi — considerada objeto de direitos, mas de desprezo e violência. Quantas fazem parte de grupos marginalizados, amortecidas pelo trabalho precoce, pelo abuso sexual, pela subalimentação e escolas precárias, onde pagam o pesado tributo de sua precária existência. A história da criança é de pura violência; adultos são maiores e mais fortes, e a criança é a eles subordinada, seja como escrava, criada, seja inferior e sem voz própria. Mesmo com o alerta de pedagogos, quando Maria Montessori, no século 19, nos considerava “herdeiros da criança, que traz do nada os fundamentos da nossa vida”. No caso da Rayssa Leal – a Fadinha de Prata –, a menina não está sendo explorada: está sendo sujeito de sua própria história. Pegou a oportunidade no ar e arremessou seu skate contra as estruturas da burrice e da mesmice, em um mundo que só concede chances aos que nascem em berço de ouro. A criança se encontra no polo da vitalidade máxima, na fase de ser a criança mágica, feliz e lúdica. A família da Rayssa lhe dá apoio e meios de viver sua linda fantasia. A alegria estampada em sua carinha de criança é eloquente demais para não ser vista e aplaudida. A sociedade careta e pétrea jamais lhe deu suporte. A Fadinha voa, desliza e faz piruetas, em busca de seu sonho lindo. Voa, menina, coberta de louros e medalhas, que sua alegria e destreza conquistaram lindamente. Voa, andorinha-azul, ao infinito e além. Voa, que o céu não tem limites!
» Thelma B. Oliveira,
Asa Norte


Aviação

Diz a sempre excelente coluna Mercado S/A (28/7) que a chegada da Ita no mercado da aviação, aumentando a concorrência, faz o preço das passagens aéreas cair. É só seguir a Lei de Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/19), e a Anac não atrapalhar, e nós, consumidores, agradeceremos!
» Ricardo Santoro,
Lago Sul


Home office

Gostaria de perguntar ao senhor governador o porquê do trabalho presencial, uma vez que nós, os servidores, seguimos com nossos trabalhos on-line. Temos que estar fisicamente presentes, mas trabalharmos em modo remoto, on-line. Não faz mais sentido isso! Por que a insistência de nos manter em grandes espaços físicos, com o GDF custeando cafezinho, papel, serviço de limpeza etc., quando isso já não é mais necessário?
» José Mário,
Asa Sul


Política

A Política é uma senhora virtuosa que tem a idade da humanidade. Concebida desde Aristóteles (384 a.C/ 322 a.C.) como provedora do bem comum, ela, entre nós, segue aprisionada pelos que a reduzem a seus interesses privados. No Brasil deste século 21, escancarou-se a condição da Política com refém de um certo Senhor Propina, que se nutre de dinheiro empresarial ilícito, ou “lavado”, arrecadado por agentes públicos. A juventude, que ao longo da história sempre a cortejou, dela se afasta, temendo que possa ser portadora de doença contagiosa. Falecendo, a Política não merecerá choro nem vela: assim indicam o absenteísmo ou os votos nulos e em branco nos últimos pleitos, ou, quem sabe, também em 2022. O sequestro da Política, findo o autoritarismo extremo inaugurado pelo golpe civil-militar de 1964, tem uma singularidade: seus carcereiros deixam-na sair a cada dois anos, para caminhar pelos pleitos eleitorais, tutelada pelos partidos. Mas esses passeios bienais revelam também que a Política, anêmica, não recebe a transfusão do sangue do livre debate de ideias que a revigoraria. Em vez da cidadania, energético imprescindível, a Política é alimentada pelo voto comprado. O doping que a põe de pé e a faz caminhar, um tanto trôpega, é o nefasto e vergonhoso financiamento milionário de partidos e campanhas. A Política, colonizada pela economia, viciada na competitividade de mercado, vocalizada por seus algozes, deixou de ser veículo de programas voltados para a construção de um projeto de nação, com mais democracia participativa, desenvolvimento ecológico e, socialmente, equilibrado, e paulatina superação da desigualdade. Nossos partidos, com raras exceções, são marcas de fantasia e aglomerados de interesses obscuros. Legendas ditas grandes, acometidas de nanismo moral, se coligam com as de aluguel. Surge daí as bancadas: do cimento, do banco, da bala, do boi, da Bíblia (fundamentalista), do clientelismo. A política vigente com “p” minúsculo mesmo passa ao largo dos direitos sociais, do cuidado ambiental, da superação das opressões. Degenerada, poluída e viciada pelas altas somas, na boca de todos os caixas, a Política torna-se a negação de si mesma, a mentira institucionalizada.

» Renato Mendes Prestes,

Águas Claras