OPINIÃO

Artigo: Diversidade e respeito

La Coruña (Espanha), julho de 2021. Um jovem brasileiro é espancado até a morte por um grupo de rapazes na porta de uma boate. O motivo alegado da execução? A vítima era gay. Esse é o triste retrato da violência homofóbica, que atenta não só contra a vida e a dignidade das vítimas, mas contra o senso de justiça e humanidade de todos nós.

Com a celebração do Dia do Orgulho LGBTQIA+, em 28 de junho, apareceram, nos meus feeds nas redes sociais, muitos relatos de amigos homossexuais. Em comum, a maioria detalhava todo o sofrimento e os problemas que enfrentaram — sobretudo com a família — para sair do armário. Na minha bolha hétero e aberta a todas as diferenças, nem imaginava que aquelas pessoas, tão bem-resolvidas sobre sua sexualidade, tinham passado por tantas adversidades.

Em um país cujo mandatário é abertamente homofóbico e onde ainda se toleram programas na televisão aberta que incentivam a violência, não é de se espantar que muitos homossexuais e transexuais cheguem a temer pela própria vida. Afinal, o Brasil manteve, em 2020, o vergonhoso título de país onde mais se mata pessoas trans — travestis e mulheres transexuais — no mundo. No ano passado, foram 175 assassinatos, o que equivale a uma morte a cada dois dias. Assustador!

No ano de 2021 não tem sido diferente. Relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) já registrou ao menos 80 assassinatos no primeiro semestre. Entre os casos estava o da adolescente Keron Ravach, de 13 anos, morta a pauladas em janeiro, no Ceará, e que se tornou a vítima mais jovem na história do monitoramento da entidade, que ocorre há quatro anos.

É importante não banalizarmos as estatísticas e não transformarmos estas mortes em apenas mais um número — prática em que o Brasil, infelizmente, tem se tornado campeão nos últimos meses. Precisamos cobrar que as autoridades investiguem, julguem e punam os culpados. Mas também precisamos de mais amor, por favor, e de mais tolerância, mais empatia e mais respeito!