OPINIÃO

Artigo: A paz entre Emirados Árabes Unidos-Israel é mais do que um acordo, é um modo de vida

Correio Braziliense
postado em 15/07/2021 06:00 / atualizado em 15/07/2021 09:33
 (crédito: Mostafa Meraji/Unsplash)
(crédito: Mostafa Meraji/Unsplash)

Por YAIR LAPID — Ministro das Relações Exteriores de Israel

SHEIKH ABDULLAH BIN ZAYED AL NAHYAN — Ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos

O mundo esperava que nossas diferenças nos definissem. Um de nós é judeu, o outro é muçulmano. Um de nós é israelense, o outro, árabe. Essas características não apenas nos moldaram como seres humanos, mas também apresentaram uma questão duradoura: o passado determina o futuro ou nosso destino está em nossas próprias mãos? Esta semana, com a primeira visita oficial de um ministro israelense aos Emirados Árabes Unidos (EAU) e a abertura de uma embaixada e consulado israelense no país, temos a oportunidade de refletir sobre a resposta.

Fundamentalmente, os EAU e Israel decidiram fazer as coisas de forma diferente com a assinatura dos históricos Acordos de Abraão em 2020. Com o estabelecimento de relações diplomáticas entre os Emirados Árabes Unidos e Israel, nossos dois países se propuseram a determinar um novo paradigma para nossa região: um definido pela busca conjunta da paz, estabilidade, segurança, prosperidade e coexistência para nossos povos.

Nossa determinação em realizar os acordos decorre de nosso reconhecimento de que compartilhamos muitos dos mesmos objetivos, especialmente em nosso compromisso de promover um futuro melhor para as gerações vindouras. Se temos a oportunidade de criar um mundo de paz para eles, não devemos deixar essa chance passar.

Certamente, os desafios que temos pela frente são significativos. A paz que nossos países escolheram surge em meio a cenários de violência e extremismo na região, onde existem sérios interesses econômicos e uma complexa dinâmica diplomática. Nossa abordagem, que prioriza o intercâmbio aberto e o engajamento pessoal, precisará superar forças que tentarão miná-la. No entanto, estamos convencidos do poder de decisões ousadas, que colocam o bem-estar de nossos povos em primeiro lugar, e esperamos continuar a inspirar outros na região a escolher o caminho da paz.

Os benefícios de forjar uma paz duradoura são claros. Desde o estabelecimento de relações, temos testemunhado delegações comerciais de alto nível explorando oportunidades promissoras de comércio e investimento, incluindo os setores de saúde, aviação, agricultura, educação, telecomunicações, energia, tecnologia e turismo.

Vimos nossos países colaborarem estreitamente com a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas à medida que os EAU e Israel tornaram-se líderes mundiais no combate à pandemia de covid-19. Os Emirados Árabes Unidos e Israel estão comprometidos em compartilhar conhecimento e experiência com outros países nos esforços para fortalecer a cooperação internacional na luta contra a covid-19.

Além disso, nossos dois países desejam compartilhar recursos entre si em áreas como as de transformação digital, cidades inteligentes, segurança cibernética e inteligência artificial. Agora, duas das sociedades mais dinâmicas e avançadas do mundo começaram a criar um motor interligado e poderoso de progresso e oportunidade, não apenas para os Emirados Árabes e Israel, mas também para toda a região.

Compartilhamos e estimamos essa visão. Os cidadãos dos Emirados Árabes Unidos e de Israel procuram viver em um mundo onde a paz seja abundante. Para alcançar essa visão, devemos trabalhar duro para criar oportunidades de engajamento e encorajar outras pessoas a se unirem a esses esforços. Essa busca só pode ser impulsionada pela cooperação multilateral entre países que se empenham de forma semelhante na opção pela colaboração em vez do confronto.

Embora os Acordos de Abraão tenham sido os primeiros desse tipo em nossa região, eles representam um futuro que acreditamos que deve se tornar mais comum: um futuro no qual as diferenças são colocadas de lado em favor do diálogo. À medida que o ímpeto cresce, somos lembrados de que, às vezes, as decisões mais impactantes são aquelas consideradas difíceis, senão impossíveis.

Ambos queremos viver em um mundo onde a paz seja possível. Precisamos trabalhar muito com nossos povos e uns com os outros. A fim de alcançar soluções duradouras e sustentáveis para os problemas que nossa região enfrenta, continuaremos a defender o espírito da paz com todos os esforços para moldar um mundo melhor para nossas crianças. A paz não é um acordo que você assina, é um modo de vida. As cerimônias que realizamos esta semana não são o fim da estrada. Eles são apenas o começo. Ao fazer isso — ao decidir de forma diferente — escolhemos a paz.

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