Nos últimos anos, as políticas sociais avançaram em favor da comunidade LGBTQIA+. O reconhecimento da união homoafetiva, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 5 de maio de 2011, foi um marco histórico. O conceito de família começou a ser reformulado e, hoje, tem diferentes formatos. O nome social adotado por lésbicas, gays, bissexuais, travestis, intersexuais também é válido para os documentos de identificação. Mas qual é o tamanho dessa parcela da população brasileira? Ela segue invisível, como se todos os homens e mulheres do país fossem héteros — o que não é real.
Nas eleições de 2018, a presença dos LGBTQIA+ à frente de governos e nos legislativos municipais, estaduais e no Congresso Nacional teve um aumento de 386% na comparação com o pleito anterior, sinalizando que a luta por direitos e espaços cresce no país. A decisão do governador do Rio Grande de Sul, Eduardo Leite (PSDB), de assumir a homossexualidade foi reconhecida como “ato de coragem”, diante da homofobia dominante, assim como outras manifestações de preconceito por raça, cor e nível socioeconômico. Indicativos de que os avanços no campo das relações humanas ainda são tímidos e há um longo caminho a percorrer para que a civilidade seja dominante.
A expectativa de conhecer o tamanho do segmento LGBTQIA+ foi frustrada pelo adiamento do Censo Demográfico de 2020. Um dado importante para a formulação de políticas públicas para os gays, que seguem na luta por programas governamentais que atendam a suas necessidades em todos os campos dos serviços essenciais, como educação, saúde e segurança pública, entre outros. Não à toa, o Brasil tem hoje a maior Parada Gay do planeta. São mais de 4 milhões os que se reúnem em São Paulo, no início de junho. É a largada para celebrar em 28 do mesmo mês o Dia Internacional do Orgulho Gay, em homenagem aos LGBTQIA+ que se rebelaram devido a arbitrariedades da polícia de Nova York, em 1969. O movimento ficou conhecido como Rebelião de Stonewall Inn.
De lá para cá, o respeito ao direito de ser como são permanece na pauta de reivindicações da comunidade LGBTQIA+ no Brasil e no mundo. Apesar da pandemia, no ano passado foram registradas 237 mortes violentas por homofobia — na comparação com 2017, houve uma queda de 20% no número de assassinatos de cidadãos pelo fato de serem homossexuais. Trata-se de primitivismo inadmissível em face dos valores civilizatórios deste século.
Além da violência letal, os LGBTQIA+, assim como as mulheres, os negros, os índios, também são agredidos pelo preconceito, pela descriminação, na escola, na universidade, no busca por emprego, na saúde e na segurança pública. O respeito a todos os seres humanos, independentemente da orientação sexual, gênero ou origem étnica, é condição basilar para a garantia dos direitos humanos e para a preservação do mais elevado bem de qualquer pessoa: a vida.
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