Chega uma mensagem pelo WhatsApp: “As piores coisas que te aconteceram na vida foram as que você imaginou”. Uma amiga que está fazendo o Programa de Redução de Estresse, da Sociedade Vipassana de Meditação, ouviu algo assim no curso, e me mandou. E, nesta semana, essa frase me visitou com frequência.
A mente tem o poder de fantasiar as situações mais tensas, difíceis, catastróficas e tristes. Neste momento, inclusive, ela está bem fértil. Afinal, não é todo dia que temos um repertório real tão trágico para nos conduzir noite escura adentro. O medo da morte de alguém próximo, por si só, já é uma ideia de ferver miolos e trancar corações.
Vocês já imaginaram o próprio velório com todos os detalhes? Pensaram no pior quando uma criança da família se perdeu na praia? Tiveram certeza de que algo muito ruim aconteceu quando alguém demorou a chegar da farra? Já passou horas numa discussão imaginária com perguntas e respostas prontas, ensaiando uma briga que nunca existiu? Quem nunca...
Pois é. Estamos preparados para todo tipo de batalhas mentais. Atualmente, são gatilhos imponentes o pânico e o confinamento, a sensação de solidão, a falta de humanidade, a revolta com um país que perde mais de 430 mil vidas, muitas delas que poderiam ter sido preservadas com decisões e escolhas certas dos governos. Como nós, ansiosos por natureza, confusos e perturbados por problemas diversos, conseguimos um pouco de tranquilidade?
Por força da necessidade de falar sobre saúde mental, convidei a psicóloga e instrutora do Programa de Redução de Estresse, Carla Fragomeni, para ser entrevistada no CB.Poder, programa que vai ao ar pela TV Brasília e pelas redes sociais do Correio Braziliense. Para entrevistá-la, escalei Sibele Negromonte, da Revista do Correio, uma jornalista sensível e preparada para qualquer tema, em especial os que tocam a natureza humana.
A entrevista foi uma das mais interessantes dos últimos tempos. Capaz de elevar nossas intenções e pensamentos para o alívio das dores tão diversas neste momento de pandemia. Das lições ensinadas por Carla, uma é muito simples: “Respire!”. Longa e profundamente, com consciência, a qualquer hora do dia ou da noite. Cinco respirações profundas, 10 minutos de meditação diária, voltando nossa atenção ao momento presente e às sensações do corpo podem fazer um bem enorme à nossa saúde física e mental. Ou apenas caminhe, dance, cante, encontre uma forma de se conectar com você mesmo.