Desde 2005, quando estourou o escândalo do Mmensalão, época em que a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) usou o dinheiro público desviado para literalmente comprar parlamentares para que votassem a favor do governo, boa parte da população brasileira, surpreendida e profundamente decepcionada com a classe política, vem acompanhando, pari passu e com atenção redobrada, o cotidiano de corrupção em que se transformou o Estado desde a redemocratização.
Os 20 anos de governos militares não foram suficientes para fazer ver, à classe política, a importância e a ligação estreita existente entre ética pública e democracia para todo e qualquer projeto que favoreça a governança e a unidade nacional. Sem essa relação de respeito mútuo entre as elites dirigentes do país e a população, governo algum é capaz de lograr êxito em administrar uma nação.
A perda de credibilidade dos políticos, de modo geral, tem efeito direto sobre a qualidade de nossa democracia. Os seguidos episódios de malversação dos recursos públicos, desde a volta dos civis ao poder, em 1985, têm efeito negativo sobre a imagem do país, dentro e fora do Brasil, e mais do que isso, tem favorecido, sobremaneira, os períodos de crise institucional, que de tão frequentes, foram transformados em cíclicos.
Prova de que o mau desempenho da classe política tem suscitado crises sociais, econômicas e mesmo políticas é o fato de que não há um único governo, nesses últimos tempos, que não tenha sofrido desgastes públicos com a sequência sem fim de comissões parlamentares de inquéritos (CPIs). A situação é esdrúxula em si. Há governo, há CPI. O pior com esse tipo de realidade surreal é que nem a composição dos membros dessas diversas CPIs, nem os governos investigados até aqui conseguiriam obter a absolvição total caso fossem, de fato, submetidos aos rigores de um tribunal sério e isento.
Cada governo que chega corresponde a uma CPI específica e ruidosa, e como cada uma dessas comissões parlamentares de inquérito, mesmo lavando a roupa suja em público, nada resultam em medidas práticas e realistas para sanear o Estado de modo definitivo, fica evidente que o desperdício do dinheiro público, em tantas transações suspeitas ao longo desses últimos 35 anos, é também gasto em Comissões, que, ao fim e ao cabo, viram pó, tão logo são encerradas.
Ocorre que, sem elas, a coisa seria pior, se é que isso pode ainda ocorrer em se tratando de Brasil. Aconteça o que acontecer daqui para sempre, a figura do ocupante do Palácio do Planalto, bem como os governadores e prefeitos atuais ficará na memória dos brasileiros ligados diretamente à pandemia e a todas as agruras que ela produziu, aconteça o que acontecer nessa CPI. Essa já é, em si, uma penalidade e tanto.
A frase que foi pronunciada
“Perguntas simplórias sem contextualização, sem a compreensão do que nós estamos falando, não vai atender às pessoas que estão nos esperando. Eu vou responder todas as perguntas, sem exceção, e coloco de outra forma. Podem ter certeza, eu não vou ficar repetindo uma palavra. Eu vim com bastante conteúdo e eu pretendo deixar claro à população brasileira e a todos os senhores todos os fatos e verdades que aconteceram sob a minha gestão. Perguntas com respostas simplórias eu gostaria até que não fossem feitas. Me perguntem coisas com profundidade.”
Ex-ministro Pazzuello na CPI do Covid
Debate
» Celeuma forte entre o youtuber Caio Copolla e
o deputado Kim Kataguiri. Veja no blog do Ari Cunha
Parceria
» De piscinão para prainha, o governo busca parceria para a manutenção e segurança do local. Exemplo de desobediência às práticas sanitárias em tempos de epidemia, o local fica lotado de adultos e crianças sem máscaras e vende cerveja a vontade, na beira da estrada.
É diversão garantida aos frequentadores e aborrecimento total aos moradores da redondeza.
Seca
» No início da seca no DF, é preciso evitar as queimadas de quintal. Ainda é possível ver motoristas arremessando cigarros no asfalto, atitude de total desrespeito e perigo.
Trânsito
» Por falar nisso, a Câmara Legislativa está com audiência pública on-line para debater a educação no trânsito. A chamada foi feita pelo deputado distrital Valdelino Barcelos (PP), presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CMTU).
Hackers
» Aconteceu em maio de 2011 e gerou a lei 12.737/12 e uma alteração no código penal. O fato típico era a violação da intimidade, e a lei ganhou o nome de Carolina Dieckmann. Às vezes, a intimidade invadida por hackers pode servir até de prova para a Justiça. Só às vezes.
História de Brasília
“O que ele alegou como “forças terríveis, até agora ninguém sabe o que foi. E tem feito disto o segredo para não ficar esquecido. Disse agora que não tem medo de caretas, mas teve numa hora em que não deveria ter.”
(Publicada em 02.02.1962)