Entre outubro e meados de dezembro do ano passado, a redução dos números de casos e de mortes chegou a dar esperança de que o pior da covid-19 no Brasil estava ficando para trás e que, a partir dali, com a perspectiva da chegada de vacinas, teríamos um cenário mais favorável em relação à pandemia.
Mas, então, veio a chamada segunda onda, turbinada pelo surgimento de variantes mais agressivas do novo coronavírus, e a tragédia, em vez de abrandar, se ampliou. Os casos se multiplicaram com sucessivos recordes de óbitos e os números dos primeiros meses deste ano superaram tudo o que ocorrera durante 2020 inteiro.
Dessa vez com um agravante: além de hospitais lotados, a falta, em várias localidades, de medicamentos para intubação e de oxigênio, levando pacientes a sucumbir por sufocamento, literalmente, como no exemplo mais dramático de Manaus.
Agora, com os números, que bateram na casa das 4 mil mortes por dia, apresentando recuo, embora em patamar ainda muito elevado, o desafio é evitar a chegada de uma terceira onda, que pode se traduzir em novo tsunami sobre os serviços de saúde, como alertam infectologistas.
O perigo aumentará se aparecerem cepas ainda mais transmissíveis e letais do vírus. Sobretudo com a chegada do inverno, estação mais propensa à propagação de doenças respiratórias. Segundo a Fiocruz, uma nova explosão de casos pode ser “catastrófica”.
E o jeito para contê-la é contar com a ajuda da população no distanciamento social, uso de máscaras, higiene e outras medidas de prevenção. Menos mal que o Ministério da Saúde, finalmente, está lançando campanha educativa nesse sentido.
Diante da nova ameaça, os gestores de saúde dos estados e municípios devem se precaver, disponibilizando o maior número possível de leitos clínicos e de UTI, além de garantir abastecimento dos hospitais com oxigênio, insumos para intubação e outros suportes indispensáveis.
O aviso é do secretário de estado de Saúde de Minas, Fábio Baccheretti, mas vale para todo o país: enquanto se procura avançar na vacinação, é preciso segurar o vírus e se prevenir para que, se vier mesmo a terceira onda, seu impacto seja minimizado.
A aplicação de vacinas, porém, continua a passo lento, ainda caminhando para alcançar um quinto apenas da população brasileira com a primeira dose e só a metade disso com a aplicação de reforço que completa a imunização. Portanto, a palavra de ordem continua sendo mesmo precaução.