Ase confirmar o resultado sinalizado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), praticamente todos os analistas de mercado do país erraram feio nos prognósticos para a economia brasileira no primeiro trimestre deste ano. Na média, as previsões desses especialistas indicavam que haveria forte queda. Mas, contrariando as estimativas, o indicador do BC, tido como uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, aponta para uma surpreendente alta de 2,3% na atividade produtiva nos três primeiros meses do ano.
Divulgado na última quinta-feira, o IBC-Br apurou que em março, na comparação com fevereiro, houve queda de 1,59%, a primeira após 10 meses de altas consecutivas. Contudo, ficou 6,26% acima de março de 2020. E, no confronto com o último trimestre do ano anterior, avançou 2,3%. Pela expectativa dos analistas, em março a economia desabaria 3,3%, em média, levando o PIB do primeiro trimestre para o campo negativo. Note-se que, em fevereiro, os analistas já haviam sido surpreendidos com a alta de 1,7% captada pelo indicador do Banco Central.
Em março, diante do agravamento da pandemia do novo coronavírus, da falta de vacinas e das medidas restritivas adotadas pelos governadores, os analistas dobraram a aposta na derrocada da economia e erraram mais uma vez. “No fundo, o que já tinha surpreendido foi a alta do IBC-Br de fevereiro. Entretanto, a queda de 1,59% (em março) também surpreendeu, pois a mediana das expectativas era de baixa de 3,3%. E, com a alta de 2,3% ante o quarto trimestre de 2020, as previsões iniciais de um PIB oficial negativo, no primeiro trimestre de 2021, foram frustradas”, analisou Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Investimentos.
Diante do novo cenário, a maior parte dos analistas decidiu revisar para cima as projeções do PIB para 2021. A XP Investimentos, por exemplo, elevou para 4,1% e creditou a mudança de expectativa à “normalização” da economia brasileira de forma mais rápida do que o esperado. A MB Associados ajustou o viés para alta de 3,2%. E o Credit Suisse passou a apostar em elevação de 3,6%. O Itaú, que já havia revisto as previsões no início de março, desde os primeiros sinais de resiliência da indústria, projeta um crescimento de 4%.
Pela estimativa do mercado captada pelo último boletim do Banco Central, divulgado na terça-feira, a previsão subiu de 3,14% para 3,21%. No horizonte, sinais positivos – como a reação da indústria nacional, as exportações do agronegócio, o aumento da poupança dos brasileiros, a volta do pagamento do auxílio emergencial e indicadores de retomada da economia nos Estados Unidos, na China e em países da União Europeia — reforçam o otimismo com um crescimento acima do esperado também no Brasil. Os números poderiam ser ainda maiores se o ritmo da vacinação no país, hoje, não fosse ainda tão lento.