Famílias e crianças
Todo sábado nossa família reúne-se para o almoço e para passar a tarde junta. Temos quatro netas. Certa ocasião, estávamos de férias em Cumbuco e, de repente, uma delas, com quatro anos, voltou do quintal excitadíssima: “Mamãe! Mamãe! Um dinossauro”. Fomos ver e era uma lagartixa na parede do muro. Dias depois, ela descobriu um sapo entre as pedras e perguntou: “Vovó, se eu der um beijo, ele vira príncipe?”. Para que não se confunda liberdade de ser criança com cultivo de ingenuidade, dois anos depois, o pai lhe perguntou: “Filha, o que você pensa ser infinito? Ela pensou, pensou e respondeu: “Infinito é um livro com todas as páginas em branco”. Penso que as crianças da nossa família não criarão problemas para a humanidade. Tenho visto articulistas no Correio, nitidamente desejosos de melhorar o mundo, que apenas escrevem criticando o governo. Hoje, soltei o jornal, tirei os óculos e me perguntei sobre o tipo de crianças que as suas famílias estão criando.
» Rubi Rodrigues,
Octogonal
Desequilíbrio
Desde que chegou ao Planalto, o capitão Jair Messias Bolsonaro cria um inimigo da vez. Basta ter uma opinião divergente, uma maneira diferente de avaliar qualquer episódio, por mais banal que seja, para se tornar o alvo da vez da sua ira. Mas, em plena crise da saúde, quando o país caminha a passos acelerados para meio milhão de mortos, o Messias vai para Maceió buscar palanque a fim de ofender um senador e quase todos que compõem a CPI da Covid. O Senado nada mais faz do que cumprir uma de suas atribuições constitucionais, entre elas, a de investigar os atos do Executivo. Fiscalizar as ações de governo é dever primeiro do Legislativo. Deveria ser dever primeiro também do Executivo zelar pela saúde do povo. Mas não é isso ao que assistimos desde o ano passado. A população não se sente protegida pelo poder público. Percebeu, e isso vem refletindo no aumento da impopularidade do senhor Messias, que o governante da hora está pouco se importando com o morticínio, que enluta a sociedade. A CPI, a cada audiência, acumula informações que colocam o Messias na quina do corner. O seu desespero se revela nas ameaças antidemocráticas, o que leva os demais Poderes a acenderem a luz amarela — alerta total. Não é para menos, pois ele já deu contundentes demostrações de total desequilíbrio emocional e, agora, com medo, deixa-se dominar pela irracionalidade. O futuro do país se torna, a cada instante, uma incógnita, diante do esgarçamento das relações entre os poderes e da tragédia ignorada por quem a deveria combater com todos os recursos e energias que pudesse aglutinar.
» Alfredo Gonzaga,
Jardim Botânico
Brizola
O saudoso ex-governador teve uma trajetória política das mais promissoras e reconhecidas. Era um homem de uma honestidade sem par, assim como JK. Entrou para a política rico e saiu mais pobre, assim como o ex-presidente. Era casado com uma mulher rica, que o acompanhou em sua trajetória de homem honesto. Assim os políticos de hoje fossem como esses dois homens que honraram o país.
» Enedino Corrêa da Silva,
Asa Sul
Medicação
Hoje, fui retirar o medicamento para a minha esposa na Farmácia de Alto Custo, no metrô da 102 Sul, e não demorei 15 minutos entre a minha chegada e a saída do local. Nada de filas enormes e de longa espera. Excelente! Meus parabéns!
» Luiz Freire Fonseca Júnior,
Asa Sul
Falsa abolição
Magnífico o artigo 13 de maio, Dia da (não) Abolição da Escravatura, sobre a farsa que foi o fim da escravidão, um dos pilares do racismo estrutural no nosso país, publicado na edição desta quinta-feira, quando a Lei Áurea completou 133 anos de sua edição. O tema é mote de campanha da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Distrito Federal, que chega em boa hora, quando os racistas, estimulados por líderes políticos, escancararam as portas dos armários e, hoje, sem cerimônia, agem para exterminar a população negra. A abolição, de fato, nunca existiu, e o racismo se consolidou. Embora a legislação tenha avançado na punição dos que cometem o crime de racismo, o Judiciário trata a questão com muita desfaçatez e reduz a pó as sanções legais ao tratar racismo como injúria racial, sem refletir sobre os danos emocionais, a humilhação das vítimas, principalmente quando as agressões verbais ocorrem em público. A Justiça faz vista grossa à depreciação imposta aos que têm a pele negra. Não se comportaria da mesma forma se um negro ridicularizasse um branco. Sei que uma aplicação mais rigorosa da lei poderia inibir a disposição de uma outra pessoa racista. Mas não estimula uma inflexão da sociedade a ponto de eliminar o racismo, uma vez que todos, independentemente da cor da pele, são iguais. A erradicação do racismo e de quaisquer outras iniquidades passa pela educação, algo que nunca mereceu do poder público a atenção e os investimentos necessários.
» Guadalupe Gonzaga,
Park Way