Brasília acaba de festejar 61 anos, mas o futebol masculino do Distrito Federal insiste em viver na Idade da Pedra Lascada. Friso masculino, pois, no feminino, temos Minas e Real na Série A1 do Brasileirão. Pois bem. Enquanto alguns dirigentes levam a sério o mutirão para tirar os marmanjos do atoleiro da Série D, homens das cavernas tocam fogo no parquinho facilitando, em seus times, ataques inescrupulosos contra o Candangão.
No último dia 16, publicamos com exclusividade no Blog Drible de Corpo e no Correio que o Ministério Público do DF e Territórios apura denúncias de manipulação de resultados em 36 jogos do Candangão. Uma máfia de apostadores teria sido beneficiada. O Tribunal de Justiça Desportiva do DF também entrou na jogada e apura os indícios.
O futebol candango volta a virar caso de polícia dois anos depois de Brasília ser palco da Operação Episkirus (Jogo Enganoso). Em 25 de maio de 2019, foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e 19 de busca e apreensão, no Mané Garrincha, na vitória do Palmeiras sobre o Botafogo. A investigação acusou maquiagem em borderôs. A venda de mandos de campo está proibida.
O DF só tem representantes na Série D desde 2014. O melhor time da cidade no ranking da CBF é o Brasiliense: 83º. Entre as federações, o DF ocupa o 21º lugar. Gama (1999 a 2002) e Brasiliense (2005) foram os últimos clubes da cidade na elite. Sendo otimista, a cidade só voltará à elite em 2024.
A seca é vitamina para apostadores. Apesar da Máfia do Apito no Brasileirão 2005, esquemas de manipulação são itinerantes no país. A tenda dos apostadores é montada cada vez mais em torneios “invisíveis”, como o Candangão e a Série D do Carioca. A Paraíba também foi alvo da Operação Cartola.
Em 2018, o ex-presidente Michel Temer flexibilizou apostas esportivas (MP-846). Na Série A 2020, 14 times estamparam cassinos virtuais no uniforme: Atlético-MG, Vasco, Bahia, Botafogo, Ceará, Corinthians, Coritiba, Fortaleza, Flamengo, Goiás, Grêmio, Bragantino, Santos e São Paulo.
As casas de apostas são o problema? Faltam mecanismos de segurança? Ou as travas existem, mas quem deveria punir faz vista grossa? Não se engane: aos 61 anos, Brasília pode ter virado epicentro dos jogos enganosos no país. E o Brasil, a bola da vez no mundo.