Desde 1960

Visto, lido e ouvido — Nem a música escapa

Notícia corrente revela a proposta de um acadêmico da Universidade de Oxford, o mais antigo centro de educação superior de língua inglesa, fundada em 1090, no Reino Unido, diminuir o estudo e a execução de partituras eruditas de compositores como Bach, Mozart e Beethoven nos cursos de música. A justificativa é que esses e outros compositores universais, são exemplos da cultura branca, sendo, portanto, enquadrados como “muito coloniais” e contrários ao que pregam os movimentos de povos que foram submetidos ao duro processo de colonização.

De forma cuidadosa, o corpo docente vai aos poucos incluindo informações como a nomeação de um novo professor de música popular que vai expandir o leque de composições de hip-hop global, música, mente e comportamento no primeiro ano, e de trovadores e madrigal Renascentista à sinfonia do século 19, mulheres na música popular, história da educação musical e world jazz nos segundos e terceiros anos. A universidade expressa a ansiedade de compartilhar o novo curriculum nos próximos meses.

Se a direção da instituição realmente autorizar essa mudança, o que ainda não aconteceu, será mais um embrulho falso das novas ideologias que nada têm a apresentar, no mesmo nível e padrão de qualidade que se compare a esses compositores.

Por essa classificação bizarra, há que banir também, milhares de outros artistas, filósofos e produtores.

Causa surpresa que em outras épocas, essa quase milenar universidade soube enfrentar com destemor, outros movimentos anticulturais. Agora, assistir que ela se curve às pressões de movimentos avessos a ilustração e nascidos em meio ao caos e a violência. Esse é, infelizmente, o caso do Black Lives Matter (BLM), que tem pressionado a Universidade de Oxford a exilar esses e outros compositores, não pela genialidade que deixaram em forma de partituras celestiais, mas, e, tão somente com base na cor da pele.

Sem dúvida trata-se aqui de uma reedição do Index Librorum Prohibitorum, ou da lista proibida contra o livre pensar, baixado pela igreja em 1559 no Concílio de Trento, quando da instituição da Inquisição. Sob o falso argumento de que existe uma ausência de diversidade musical nesses cursos, muitos docentes estão sob pressão de integrantes desses movimentos para mudar o repertório, evitando focar em compositores célebres da música europeia e branca, que de acordo com essas novas ideologias tem causado grande sofrimento aos estudantes negros.

Também outras atividades estão na mira desses movimentos nessa instituição, como é caso de ensino do piano e de regência, vistos que ambos “centralizam estruturalmente a música europeia branca.” Não se sabe onde pressões de movimentos dessa espécie pode conduzir o ensino da música e o ensino de modo geral nessa e em outras universidades em solo europeu.

Na França, como o crescimento exponencial dos movimentos e da tradição muçulmanas, pressões semelhantes também têm ocorrido, visando também um banimento da cultura humanística ocidental e sua substituição por regras, sharias, ordenamentos e outros mandamentos contrários a liberdade de pensamento e de escolhas, fundamentais para nossa cultura.Para onde vamos com a pressão desses movimentos não sabemos ainda. Por certo não devemos seguir nessa direção que pode nos levar ao aniquilamento do que somos, acreditamos e queremos.