A ampliação do público prioritário da vacinação contra o novo coronavírus chega em um bom momento. O início da imunização de idosos com 64 e 65 anos, que começou nesta sexta (16/4), é fundamental para renovar a esperança de dias melhores na população. Com a carência de doses que ocorreu no início do mês, o processo deu uma travada, e a expectativa é de que volte a andar a partir de agora.
O GDF também anunciou mudanças no sistema de vacinação, com a ampliação de postos físicos aos fins de semana. Até então, a Secretaria de Saúde estava trabalhando apenas com a modalidade drive-thru aos sábados e domingos. Já não era sem tempo a mudança. Havia muita reclamação sobre a demora excessiva dentro dos carros, bem como a possibilidade de tomar a dose em uma unidade de saúde perto de casa. Entre erros e acertos, é assim mesmo que ocorre em ações sanitárias em larga escala, com correções de rumo ao longo do processo.
Há, no entanto, algo que me incomoda no processo de imunização. Temos visto relatos de profissionais em áreas administrativas, como ocorrido recentemente no DF, com oficiais da PM passando na frente dos praças e de pessoas que nunca exerceram determinada profissão tomando a vacina. Como descobrimos? Vendo nas redes sociais. Mesmo errado, o fura-fila oficializado faz questão de mostrar a todos que recebeu a dose. A vaidade supera a ética.
Não considero correto um profissional não atuante receber a dose de CoronaVac ou da AstraZeneca antes do público-alvo — conforme o Plano Nacional de Imunização, são 77.219.259 pessoas em todo o país nesta situação. Veja, por exemplo, a situação dos psicólogos no DF. A única exigência para ser imunizado, conforme consta no próprio site do Conselho Regional de Psicologia (CRP), era estar com o registro ativo, independentemente de trabalhar na área ou não. Complicado, não é?
Por que um psicólogo que não trabalha na saúde, por exemplo, vale mais que qualquer trabalhador de atividade essencial? Não há a mínima justificativa.
Sei que o CRP fez um apelo para o profissional que não está diretamente vulnerável ao novo coronavírus dar preferência aos grupos mais expostos ao risco de contágio, mas, na prática, era impossível acompanhar de perto. Vai muito da consciência e dever cívico da pessoa. Entendo que todos querem ser vacinados logo. É muito grande a vontade de termos uma vida semelhante à que levávamos até março de 2020. Mas é preciso aguardar a vez. Nossa hora vai chegar.