OPINIÃO

Artigo: Uma Supercopa para desfrutar

Há um tipo de chato que irrita: o torcedor ansioso. O cara se aproxima e pergunta: Quem ganha o jogo? Quem é favorito? Quanto vai ser? Bora apostar? Paciência zero! Não leio mãos, pés, pensamento nem tenho vocação para profeta ou conselheiro de apostador.

Amigo, numa boa, se você gosta de futebol, liberte-se dessa agonia de questionar se Cristiano Ronaldo é melhor do que Messi; se Maradona superou Pelé ou se o Flamengo e o Palmeiras que veremos pela tevê, amanhã, às 11h, no Mané Garrincha, na final da Supercopa do Brasil, são superiores ao das eras Zico e Ademir da Guia. Pelo amor que você tem ao seu clube do coração: sente-se no sofá e se deleite com o baita momento dos atuais campeões do Brasileirão e da Copa do Brasil.

A graça de ir ao cinema ou ao teatro, por exemplo, é desconhecer o enredo e muito menos o fim. A sinopse basta. Futebol é assim também. Nada melhor do que ser surpreendido, impactado pelas artes da bola. Portanto, abaixo o spoiler. Apreciemos o script da Supercopa do Brasil sem moderação. Afinal, esses timaços marcaram época. Deixarão saudades.

Se você torce pelo Flamengo, por exemplo, tente puxar na memória qual foi a última vez que o Rubro-Negro disputou três temporadas consecutivas com praticamente o mesmo time-base. Aquela formação histórica de 2019, liderada por Jorge Jesus, entrará em campo contra o Palmeiras sem dois titulares: o lateral-direito Rafinha e o zagueiro Pablo Marí. A escalação está na ponta da língua: Diego Alves; Isla, Willian Arão, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego e Gerson; Everton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique; Gabigol. Isso é incrível em um futebol brasileiro bombardeado pelas potências europeias e mercados periféricos.

Se esse time protagonista de sete títulos nas últimas duas temporadas não é suficiente para convencê-lo a desfrutar em vez de fazer exercícios de adivinhação, falemos das joias da base do Palmeiras. Enquanto você joga tempo fora com o que não leva a nada, Patrick de Paula, Gabriel Menino e Danilo — pulmões dos títulos do Paulistão, Copa do Brasil e Libertadores em 2020 — estão passando rapidamente diante dos seus olhos. Em breve, eles darão adeus ao Palestra rumo à Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, França...

O trio de meninos está começando a segunda temporada consecutiva no Palmeiras. Talvez não estejam no clube no segundo semestre. Quando a torcida do Flamengo piscou, por exemplo, Lucas Paquetá, Vinicius Junior e Reinier despediam-se rumo à Europa.

Vivemos tempos de pouca — ou nenhuma contemplação. Portanto, relaxe, querido torcedor ansioso. Amanhã, tome um bom café da manhã, prepare uma boa entrada, delicie-se com o banquete oferecido por Flamengo e Palmeiras na final da Supercopa do Brasil e deixe a resenha sobre o placar para a sobremesa. Doce para alguns, amarga para outros, óbvio.