Desde 1960

Visto, lido e ouvido — O desmonte do combate à corrupção por seus sujeitos

Por Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br

Já foi por demais enfatizado neste espaço a tese pacífica de que absolutamente todos aqueles que anseiam e trabalham pelo desmonte das forças-tarefas que combatem a corrupção no país se encontram, invariavelmente, na mira da Justiça pelo cometimento desses mesmos crimes. No caso específico da Lava-Jato, esvaziada por ações comuns dos Três Poderes da República, ficou patente para a população em geral, e particularmente para os brasileiros de bem, que esse desmonte se deu por obra e graça de personagens, com extensas folhas corridas, repletas de acusações de corrupção e outros crimes graves contra o erário público.

A atuação desses conhecidos personagens, que há muito deveriam ser banidos da vida pública, visa claramente à volta a um passado recente em que o conluio entre políticos de todos os matizes ideológicos, com a cobertura de juízes e outros cortesãos sem lastro na ética, agiam com desenvoltura para dilapidar os cofres da nação, enriquecendo a si e às suas famílias, deixando para trás um rastro de dependência mais vantajosa do que o trabalho a perpetuar o subdesenvolvimento crônico.
No caso da mais alta Corte do país, de quem se espera a mais sábia e indiscutível decisão, o esforço em desmontar, peça por peça, o edifício do combate à corrupção e à impunidade se deu por razões até prosaicas. O que se tem ali, em sua maioria, não são juízes de carreira, moldados, profissionalmente, pelo cotidiano de julgamentos variados, mas tão somente indivíduos escolhidos, quase sempre por propósitos objetivos e inconfessáveis dos chefes do Executivo e que, cedo ou tarde, vão demonstrar a que vieram.

Nesse caso, a parcela indicada pelo petismo, teria, até por questões de inércia política, que liberar os muitos réus desse que foi o maior caso de corrupção de todo o planeta e em todos os tempos.
Não é de hoje que se sabe ser a corrupção uma das causas fundamentais a impedir o pleno desenvolvimento de uma nação. Por esse motivo é que não existe país algum no chamado Primeiro Mundo, com altos Índices de Desenvolvimento Humano, (IDH) que tenha alcançado esse patamar de bem-estar e seguridade social sem que antes tenha eliminado quaisquer traços de corrupção na máquina pública. Essa é uma condição sine qua non para o pleno desenvolvimento. Nenhuma dessas reformas que estão aí em pauta do governo ou do Congresso, quer seja tributária, quer seja política, de privatizações ou quaisquer outras, terão o condão de resgatar o país do poço profundo do subdesenvolvimento sem antes empreender um combate severo contra os males da corrupção. É isso ou nada.