PANDEMIA

Artigo: O que é essencial para você?

O adjetivo essencial varia muito de pessoa para pessoa, de empresário para empresário, de político para político

O mapa do Brasil manchado de vermelho, divulgado pela Fiocruz e capa da edição do Correio desta quinta-feira (18/3), é o símbolo do momento crítico que vivemos. A cor, que, neste caso específico, não tem nenhuma ligação com partidos políticos, indica que 25 unidades da Federação estão com a taxa de ocupação de leitos de UTI em níveis alarmantes. Filas de espera por uma vaga se tornaram uma realidade na maioria dos estados, com um agravante: é uma situação de difícil solução a curto prazo, que exige medidas enérgicas e unificadas.

Como mostram estudos recentes, a taxa de transmissão do novo coronavírus segue acelerada. Com isso, a pressão sobre o sistema de saúde permanecerá constante. Por quanto tempo? Ninguém sabe. Impossível cravar uma data. A vacinação terá papel fundamental a médio ou longo prazo — há necessidade de logística, disponibilidade de doses, intervalo de aplicação entre elas e o próprio tempo da resposta imunológica do organismo —, mas, para os meses que se aproximam, como abril, maio ou junho, é necessário que seja interrompida drasticamente a circulação do vírus. E esse é o desafio.

Muitos epidemiologistas, cientistas e sanitaristas defendem um lockdown para valer, com restrição máxima à circulação de pessoas. É um tema muito delicado, no entanto, diante da grave crise econômica que o país enfrenta. A falta de dinheiro é uma realidade. Empresas estão sufocadas. O trabalhador vê o poder de compra diminuir a cada ida ao supermercado. O endividamento das famílias só faz crescer. Em um cenário de restrição financeira, como o atual, a limitação de atividades econômicas trava de vez a engrenagem.

Estamos há um ano nesta situação, e estou cada vez mais convicto de que não há fórmula mágica. Sabedoria, bom senso e serenidade, certa feita me disse uma pessoa por quem tenho muito respeito, devem ser elementos presentes em qualquer crise de grande magnitude, seja de caráter pessoal, seja profissional. Por isso, é a vez de privilegiarmos o essencial nessas horas.

O problema é que o adjetivo essencial varia muito de pessoa para pessoa, de empresário para empresário, de político para político. Para o comerciante, é um. Para o dono de bar, outro. Para o jovem, é um ainda mais diferente. E por aí vai. Isso torna a batalha ainda mais árdua porque a luta nunca será unificada. Pode ter certeza.

 

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