O recrudescimento da pandemia de covid-19 em todo o país vem sobrecarregando o sistema de saúde. Novamente isoladas em casa, muitas pessoas temem a ida ao médico neste momento e adiam checape e exames de rotina. É fato que o novo coronavírus assusta e, muitas vezes, por ser letal, seja o foco de atenção de todos, mas não se pode esquecer de que outras doenças, como cânceres e do sistema cardiovascular, por exemplo, podem também levar à morte sem um diagnóstico precoce e tratamento adequado.
O adiamento de atendimentos médicos leva ao risco de aumento de mortalidade por doenças que poderiam ser evitadas ou que não têm acompanhamento adequado. Muitos só procuram ajuda quando já existe um comprometimento muito grande do organismo, como nos casos de infarto do miocárdio, insuficiência respiratória e AVC, e esbarram na falta de leitos nas redes de saúde pública e privada, correndo o risco de morrer na fila de espera em hospitais.
Segundo dados do Atlas do Diabetes da Federação Internacional do Diabetes (IDF), hoje, cerca de 16,8 milhões de adultos têm a doença no Brasil, e a projeção é de que, até 2030, esse número ultrapasse a barreira de 21 milhões. No caso do câncer, levantamento mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta para 625 mil novos casos no país em 2020. Por desconhecimento, muitos só procuram o médico quando a doença se encontra em estágio avançado. A melhor forma de evitar é a prevenção. Sem exames de rotina, o diagnóstico acaba sendo atrasado e o tratamento, comprometido. O diagnóstico tardio leva ao aumento da mortalidade pela doença.
Diante desse cenário, é importante que todos mantenham as consultas de rotina e os exames preventivos em dia, mesmo na pandemia. Por medo de contaminação pelo vírus, as pessoas podem morrer por outras doenças que poderiam ser evitadas ou mesmo diagnosticadas a tempo de iniciar um tratamento adequado e garantir a cura ou maior sobrevida. É necessário que haja um reforço nas campanhas de conscientização e prevenção às diversas doenças por parte da sociedade e do poder público. Manter o checape em dia tem impacto na redução pela busca por leito hospitalar, já tão sobrecarregado.
A prevenção também deve se estender à imunização. Enquanto a vacina contra a covid-19 não está disponível para toda a população brasileira, outras vacinas estão nas redes públicas e particular e devem continuar a fazer parte do calendário. A da gripe, por exemplo, começa a ser aplicada nos postos de saúde a partir de 12 de abril. É importante se vacinar, principalmente a faixa etária acima dos 60 anos, como forma de prevenir o surgimento de complicações decorrentes da influenza, além de reduzir os sintomas que podem ser confundidos com os da covid-19. Vale destacar que a vacina da gripe não deixa a pessoa imune ao coronavírus, e vice-versa. Por isso, todos os cuidados recomendados precisam ser mantidos.
A atenção à saúde mental também deve ser redobrada. Não dá para adiar e pensar que, no pós-pandemia, as coisas se ajeitam. É preciso buscar ajuda especializada ao primeiro sinal de depressão ou ansiedade generalizada. Não se pode baixar a guarda para o vírus, mas, também, não se pode desprezar as outras doenças. Por isso, mais do que nunca, prevenção é fundamental.