Com a possibilidade, aberta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da entrada do ex-presidente Lula nas eleições de 2022, o cenário político que já era incerto e confuso, ameaçado ainda por uma pandemia viral que vai recrudescendo a cada dia, ganhou mais um elemento perturbador, o que, de certa forma, confirma o dito de que nada está definitivamente ruim que não possa piorar mais um pouco.
É com esse cenário, cujo o pano de fundo é a aproximação dos 300 mil mortos por covid-19, que seguimos cambaleante rumo às próximas eleições. Dessa situação grave, não tenham dúvidas, há por todos os lados aqueles que sabem muito bem como extrair vantagens, principalmente, quando em campanha. Desses velhos conhecidos, que vão armando o circo para agitar os próximos pleitos para presidente, armando palanques, se preciso for, até nos cemitérios lotados, Lula é aquele que tem mais expertise nessas piruetas tétricas. Para ele, caixão e palanque são a mesma coisa. Ainda mais se esses caixões vierem de graça de um adversário que perdeu o timing para agir, demonstrando apatia e desprezo pela realidade.
Caso se confirme a tendência dessa polaridade, estaremos em maus lençóis mais uma vez, por opção nossa. De bom, nesse pandemônio, se é que se pode achar algo de bom nessa dança macabra, é que a entrada de um Lula redimido pelo STF, graças ao poder das indulgências, obrigou Bolsonaro a sair da toca e agir.
A ação, nesse caso, foi mais uma troca de ministro da Saúde. Sai Pazuello e entra um Queiroga, que vai logo avisando: vai dar continuidade à gestão de Pazuello, executando a política do governo Bolsonaro para a área da Saúde. Se vai seguir o que vinha dando errado, para quê mudar a direção do estabelecimento?
Nesse contexto, a “marolinha” de Lula em 2008 tem o mesmo sentido falso da “gripezinha” de Bolsonaro em 2020. Em meio a essa dicotomia, conhecedores da fragilidade política que erigimos e toleramos, bem como das frivolidades que envolvem cada um de nossos grupos políticos, os partidos de centro também se movimentam em busca dos nacos de poder que os dois pseudo-antagonistas irão deixar cair no chão em caso de vitória.
Por enquanto, ainda não surgiu um nome que venha preencher esse vazio para se estabelecer como uma terceira via. De certo, irá aparecer.
Se o brasileiro médio, aquele que mais tem sofrido com a pandemia, não aprender agora, com a morte rondando a porta de sua casa, disposta a levar um dos seus entes queridos, como aconteceu com aproximadamente 300 mil brasileiros, a esperança de mudança, pela dor e pelo sofrimento, não vai operar o milagre desejado da mudança e da cidadania. A hora é agora.