Desde 1960

Visto, lido e ouvido

A volta do antigo regime

Em meio à maior pandemia que o Brasil já experimentou nos últimos quinhentos anos, coube a um dos ministros do instável Supremo Tribunal Federal (STF) dar o empurrão que faltava para retirar o país da maca dos enfermos e lançá-lo de volta ao infectado pandemônio político.
Era o que faltava nesses tempos estranhos em que vivemos. A decisão do relator da Lava-Jato no STF, Edson Fachin, de anular as condenações do ex-presidente Lula, devolvendo-lhe o passaporte da ficha-limpa para as eleições de 2022, inscreve-se num roteiro previamente preparado pelos Três Poderes, para o retorno do país ao modelo de impunidade geral, ou, como corre nas redes sociais, à desobediência civil que sempre vigorou desde a chegada de Cabral por essas bandas.
Esse é mais um desdobramento dos fatos que vêm acontecendo desde a saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro do governo, em abril de 2020, depois de uma fatídica reunião no Palácio do Planalto, ocasião em que o atual presidente, finalmente, disse a que veio. De lá para cá, o Supremo modificou a decisão sobre prisão em segunda instância, dando liberdade a Lula, ao mesmo tempo em que o Congresso criava o juiz de garantias, dentro da desfiguração do pacote anticrime proposto por Moro. Anteriormente, a Lei da Ficha Limpa já havia sido também desfigurada, o que prenunciava um retorno do antigo regime de impunidade numa clara contrarrevolução promovida pelo status quo, do qual o Centrão é o grande símbolo. A lei da impunidade, como ficou caracterizada a nova proposta de emenda à Constituição que dificulta a prisão de corruptos com foro, foi a última manobra desse grupo que já retornou com força ao Poder.
Somam-se a esse movimento retrógrado a nomeação do atual procurador-geral da República, Augusto Aras, e a indicação do mais novo ministro da Suprema Corte, Nunes Marques. O retorno de Lula ao cenário político e policial seria apenas a cereja de um bolo azedo que vai sendo meticulosamente preparado ao povo pagador de impostos.
Para alguns analistas desse cenário poluído, os próximos passos seriam a prisão de Sergio Moro e dos procuradores da Lava-Jato, a restituição dos bilhões desviados das estatais aos seus devidos operadores e o estabelecimento de uma anistia geral para os políticos “maldosamente” envolvidos nesses crimes fictícios.

 

A frase que foi pronunciada

“As ideias são mais poderosas do que as armas. Não permitiríamos que nossos inimigos tivessem armas. Por que devemos deixá-los ter ideias?”

Joseph Stalin

 

Registro
» Desta vez, Aylê-Salassié F. Quintão colocou às claras incoerência por incoerência do lockdown da capital. Uma visita ao Piscinão do Lago Norte, em qualquer dia de Sol, também diz tudo. Veja o texto do professor no Blog do Ari Cunha.

E fez-se a luz
» Às vezes voltar no tempo pode ser uma inspiração para nos lembrar de que existiu alguém nesse país preocupado com o progresso do Brasil. Veja no Blog do Ari Cunha JK contando a aventura para trazer um transformador para a capital.

Novidade
» Com o aumento da violência doméstica depois da pandemia, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançou uma campanha para divulgar os canais de denúncia. Outra novidade no site é a compilação dos dados de denúncias de violações de direitos humanos.

À sorrelfa
» Aos poucos, à margem das notícias, a tecnologia 5G vai chegando. Comendo pelas beiradas, com um gingado de gato, promete rapidez e eficiência. A Anatel está com as regras prontas para o leilão.

Lembranças
» Em uma discussão em que um lado dizia que só a elite aprecia música erudita e que o pobre prefere funk, a melhor resposta saiu de Ariano Suassuna. “Eu tenho a obrigação de mostrar ao povo uma alternativa a essa ‘arte de quarta categoria’ que andam espelhando aí. Corrompendo o gosto de nosso povo, do nosso grande povo. Um país como o Brasil, um povo como o brasileiro, tem direito a outra coisa.” E continuou em uma palestra na UnB sobre música popular: “Meu amigo do peito ficava danado quando o pessoal dizia que o cachorro gosta de osso. Ele dizia que só dão osso para o cachorro. Bote um filé e bote um osso e veja o que o cachorro escolhe. O que me está deixando indignado é que não estão dando direito ao povo brasileiro, principalmente, aos jovens, o direito de entrar em contato com o filé. Só dão osso a eles”.

 

História de Brasília

Vieram, depois, as exceções, aos poucos, e, hoje, são todos. Como, entretanto, os funcionários continuam recebendo “dobradinha”,
os que servem à Prefeitura e à Novacap e à Polícia, que ainda
não foram beneficiados, iniciaram forte campanha para a conquista do mesmo direito. (Publicado em 27/01/1962)