Democracia
De acordo com a visão clássica, a democracia é o regime no qual as decisões políticas são tomadas pelo povo, seja diretamente, seja indiretamente, cujo objetivo é a realização do bem comum. O destacado intelectual brasileiro Antônio Houaiss (1915-1999), em seu Dicionário da Língua Portuguesa, entende a democracia como “governo em que o povo exerce a soberania”, mas, também, como “sistema comprometido com a igualdade ou a distribuição igualitária de poder”. A democracia é o melhor sistema político, porque nele, ao contrário das ditaduras, é o povo que toma as decisões. Mesmo assim, considerando a relação abusiva entre o Brasil oficial e o Brasil real, a política como “a mais vil das profissões” deve ser dispensada, fazendo prevalecer a política como meio para resolução pacífica de conflitos e promoção da convivência social. Como “a mais nobre das vocações”, salienta o educador Rubem Alves (1933-2014), a política se encontra ao alcance da cidadania. A negação da política coloca as sociedades na antessala da barbárie, do fascismo e da violência.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte.
Mimimi
Bolsonaro conseguiu eleger seus candidatos às presidências da Câmara e do Senado. Não por estima ou consideração, mas por interesse de se manter blindado de um possível (já atrasado, digamos assim) processo de impeachment. O então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, recebeu mais de 60 requerimentos de impedimento do presidente. Em todos os momentos, ponderou que não havia clima para abrir um processo contra Bolsonaro. Argumentava que era preciso se voltar para a crise sanitária. E agora? Não há clima, quando o presidente faz declarações de que está na hora de parar de chorar, de acabar com “mimimi” e que “chega de frescura”, mesmo com quase duas mil mortes por dia? Ele recomenda, ainda, que se vá comprar vacina na “casa da mãe”. É dever do Executivo, como determina a Constituição, garantir a saúde dos cidadãos, mas isso só ocorre quando, à frente do governo, está alguém lúcido. A cada declaração, o presidente revela incompetência monumental para comandar o país. E o Congresso é omisso, cheio de parlamentares subservientes, de probidade duvidosa, que nada fazem diante da carnificina, causada pelo vírus, que ganhou versão e força devido ao negacionismo palaciano. Mas “e daí?”. Não à toa, o inquilino palaciano qualifica os brasileiros de “maricas” e “frouxos”.
» Euzébio Queiroz,
Octogonal
Crueldade
O que a população brasileira está presenciando neste momento gravíssimo da pandemia da covid-19 é estarrecedor. Hospitais superlotados sem condições de atender os infectados; escassez de profissionais da área da saúde, muitos desistindo de continuar atendendo, abatidos pelo cansaço de mais de um ano à frente dessa guerra e a vacina vindo a conta-gotas. Na cabeça de cada um de nós está a certeza de que a morte nunca esteve tão próxima. É assustador. Só não é assustador para aqueles que são desprovidos de sensibilidade; não têm sentimentos de afeição, de amor e piedade. Esses, demonstrando indiferença neste momento em que a população brasileira está tão fragilizada, acharam espaço para fazer piadinhas. É inaceitável o que está vindo da parte de pessoas que deveriam estar fazendo de tudo para amenizar o sofrimento do povo brasileiro, mas que considera que não há nada de anormal. As mais de 260 mil mortes de nossos irmãos são tratadas com frieza, com indiferença. Quanta dureza de coração. São pessoas que não são capazes de chorar com os que choram. São cruéis. Senhor, tende piedade de nós. Ensina-nos a votar.
» Jeovah Ferreira,
Taquari
Sono
Na atualidade, o simples ato de dormir tornou-se um suplício para muitas pessoas, especialmente as mais abastadas, cercadas de conforto excessivo, que não cansam os corpos, mas somente o intelecto. Pensar demais atrapalha o sono, assim como as preocupações e o estresse. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra a todos os outros. Lutamos constantemente até para dormir. Como resolver isso? O bom sono é essencial para ter boa saúde. Dormir é como mergulhar no mar. Quanto mais profundamente mergulhamos na água, necessitamos de mais tempo para voltar, nos readaptar ao ambiente fora d’água. Quanto mais fundo mergulhamos dentro de nos mesmos, melhor o sono.
» Humberto Pellizzaro,
Asa Norte