Depois de um ano em quarentena, aquela parcela da população que acompanha de perto o desenrolar da cena nacional e internacional pode perceber que não há data possível a ser estabelecida para o fim da pandemia e a volta a uma normalidade como havia no passado. Muitos, inclusive, adiantam que não haverá uma volta ao mundo que conhecíamos até a pouco tempo. O prolongamento sucessivo das datas que marcariam esse possível retorno já dá uma ideia de que ninguém sabe ao certo quando será esse dia.
Mas nem tudo está perdido para aqueles que perderam chances na vida, empregos, amigos e familiares e a vida ao ar livre. A quarentena tem forçado parte da população a se ensimesmar, ou seja, ficar absorvida pelos próprios pensamentos, refletindo sobre tudo que se passa ao seu redor, incluindo nessa crítica mental o desempenho do governo e, por extensão, o desempenho de todos os Poderes da República, neste momento especial. Principalmente no que cada um deles tem feito, efetivamente, para garantir, ao menos, a sobrevivência da população. E é aí que o pessimismo e as ideias de desespero tomam conta dos pensamentos.
A julgar pelas providências tomadas pelo conjunto do Estado para contornar os efeitos negativos da pandemia, estamos mal na fita e, não por acaso, ocupamos a segunda posição mundial no número de mortos. Ao contrário dos países desenvolvidos, que adotaram desde cedo uma série de providências para conter a propagação do vírus, ficamos envoltos em discussões políticas sem importância direta para a população.
Nesse meio tempo, erguemos e desmontamos dezenas de hospitais de campanha caríssimos, enquanto denúncias de desvios dos preciosos recursos para a saúde eram feitas quase diariamente. Mesmo com o aumento no número de óbitos, o governo achou por bem não ir de imediato ao mercado internacional em busca da compra de vacinas suficientes para a imunização da população. Como resultado desse desleixo proposital, faltaram e ainda faltam muitas vacinas em toda a parte e não se sabe ainda quando chegarão. Tampouco houve preocupação com a ampliação e instalação de unidades nacionais para a produção local dessas vacinas, numa total contraposição do passado, quando o Brasil foi referência para o mundo na questão de programas de vacinação em larga escala e em tempo recorde.
O que se viu foram perseguições a cientistas, diminuição dos orçamentos para pesquisa e o desmonte de dezenas de projetos científicos. Não surpreende que os principais jornais do país deem como manchete que o Brasil atravessa agora a pior fase da pandemia desde que ela foi detectada há um ano. Hoje, registramos média diária de mais de 1 mil mortes por covid-19. Por todo o país se assiste ao congestionamento das Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais públicos e privados. Por conta desse desleixo e do número de infectados, os brasileiros tornaram-se persona non grata em todo o mundo, proibidos de entrar em inúmeros países.
Acompanhar toda essa cena trágica de perto, como fazem os cidadãos antenados e responsáveis, por certo não melhora o humor e o otimismo, mas, pelo menos, faz da realidade atual motivo e propósito para terem os pés bem assentados no chão, deixando de lado, as fantasias e as enganações, que neste tempo de agruras, pululam por toda a parte.
A frase que foi pronunciada
“A verdade não desaparece quando é eliminada a opinião dos que divergem.
A verdade não mereceria esse nome se morresse quando censurada.”
Ulysses Guimarães
Eleições
» Uma ponderação não passou em branco. Francisco Valdeci Cavalcante, da CNC, não apoia nenhum candidato, apenas fiscaliza as eleições de uma das mais importantes instituições do país, a Fecomércio.
Golpe comum
» Refinanciamento de dívidas é o golpe mais aplicado em funcionários públicos. Brasília é a cidade preferida dos falsários. Proposta por telefone nunca são confiáveis. Há empresas recebendo os clientes no escritório, o que também não impede o golpe.
Dificuldades
» De um lado, a recomendação do CNJ de que juízes evitem despejos de imóveis na pandemia, de outro, as imobiliárias que não têm facilitado muito para os inquilinos.
Leitura
» Leia no Blog do Ari Cunha a íntegra do artigo Cuba não é mais aquela..., do professor Aylê-Salassié F. Quintão.
Petrobras
» Como as mídias sociais são um meio de colocações infinitas, uma delas chama a atenção sobre a Petrobras. Também está lá. No Blog do Ari Cunha. Uma pena que não esteja assinada.
História de Brasília
Se formos ver a situação dos Funcionários da Polícia, da Novacap e da Prefeitura, notaremos que há razão demais para a “Dobradinha”. (Publicado em 27/01/1962)