Em meio a uma pandemia que matou mais de 2 milhões de pessoas e diante de um novo — e incipiente — processo de vacinação, fica cada vez mais importante buscar informação de qualidade. A avalanche de boatos desacreditando vacinas foi detectada e está sendo atacada pelos principais veículos de comunicação do país e do mundo, mas o leitor que busca se orientar por fatos e dados reais segue sendo bombardeado por notícias falsas, dados manipulados e opiniões sem embasamento teórico.
O compromisso com a verdade e a missão de ser a ponte entre os fatos e os leitores orientam o bom jornalismo, que precisa ter absoluto respeito às demais áreas de conhecimento. É esse respeito que garante o relato fiel dos fatos, a busca detalhada de dados e o relato e a opinião de fontes que tenham real respaldo e domínio sobre os assuntos que abordam. Dessa maneira, o jornalismo de qualidade parte do princípio de que cientistas devem falar sobre ciência; economistas, sobre economia; juristas, sobre o direito; e assim por diante.
A premissa da autoridade sobre o tema parece óbvia, mas é a primeira regra ignorada pelos fabricantes de notícias falsas, que confundem o leitor que busca se orientar pela informação para reforçar suas posições. É vexatória a profusão de análises e interpretações que partem de pessoas que não têm domínio ou relevância alguma sobre os temas. É assim que conclusões equivocadas e alertas falsos são “fabricados” para aplacar a angústia de quem busca se informar. Mas é justamente isso que acaba instaurando o caos.
Desde o início da pandemia, foram centenas — talvez milhares — de notícias falsas viralizadas por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens com a intenção de reforçar posicionamentos ideológicos, seja criando ondas de repúdio a categorias ou fatos cientificamente comprovados, seja promovendo condutas negacionistas que minimizam a doença, o contágio ou a importância e eficácia da imunização. Essa seria apenas a face mais feia de um jogo político, não fosse o risco real que a má informação leva à vida das pessoas.
Nos veículos de comunicação tradicionais, a obsessiva checagem dos fatos e a busca de fontes credenciadas para cada assunto segue como compromisso. Não por acaso, paralelo ao tsunami de notícias falsas reside uma campanha para desacreditar a mídia tradicional. Mas, é a verdade o inimigo de quem promove a desinformação.
Na busca pela informação de qualidade, verdadeira e rigorosamente apurada, o leitor é o parceiro mais importante de quem não abre mão do respeito aos fatos. Checar a origem da informação, sobretudo antes de repassá-la, é reforçar uma maneira de intensificar o elo entre a verdade e a vida. Desconstruir narrativas falsas é papel da imprensa. Quebrar sua rede de distribuição é responsabilidade do leitor.