FUTEBOL

De geração Z a geração hexa?

''Líder do Brasileirão, o São Paulo é uma grife na formação de talentos. Cito pelo menos três nesta campanha pelo hepta: o volante Luan Santos e o excelente par moderno de meias formado por Igor Gomes e Gabriel Sara. As três crias de Cotia têm apenas 21 anos''

Quais técnicos de seleção no mundo podem se dar ao luxo de chegar ao fim de uma temporada com tantas revelações de jogadores nascidos depois de 1995 para tocar o processo de renovação? Adenor Leonardo Bachi é um deles. Apesar do calendário maluco provocado pela pandemia do novo coronavírus e da paralisação do futebol por três meses, o país colhe talentos — nenhum fora de série — na chamada geração Z. Basta olhar, sem clubismo, para os times da moda, finalistas da Libertadores, Copa do Brasil e o líder isolado do Brasileirão.

A decisão continental no próximo dia 30, às 17h, no Maracanã, tem perfil “teen”. Coroa os investimentos de Santos e Palmeiras nas divisões de base. A Vila Belmiro é historicamente indústria de ponta na produção de craques. Do Rei Pelé aos meninos Diego, Robinho, Neymar e Rodrygo. A fábrica entregou nesta temporada modelos como o volante Sandry Roberto e o centroavante Kaio Jorge, ambos de 18 anos. Há 14 meses, eles conquistaram o Mundial Sub-17 na virada por 2 x 1 sobre o México, no Bezerrão. Hoje, são trunfos para o tetra alvinegro.

Adversário do Palmeiras na inédita final da Libertadores, o Palmeiras tem seus antídotos na caça ao bi sul-americano. Patrick de Paula (21), Gabriel Menino (20), Danilo (19) e Gabriel Veron (18) são os ícones de uma temporada em que o time alviverde pode conquistar até cinco títulos. Ganhou o Paulistão, é finalista da Copa do Brasil e da Libertadores, mantém 7% de esperança no Campeonato Brasileiro e pode ir ao Mundial de Clubes, em fevereiro.

Rival do Palmeiras na decisão da Copa do Brasil e concorrente alviverde também na maratona pelo troféu do Brasileirão, o Grêmio ostenta guris bons de bola à pronta entrega. O camisa 10 Jean Pyerre (22), é um deles. Mais um na linha de produção que colocou no pátio Luan, rei da América em 2017, e Éverton Cebolinha, substituto de Neymar na Seleção na conquista da Copa América 2019. O atacante Pepê (23), já é disputado por clubes periféricos da Europa. Sem contar o excelente volante Matheus Henrique — mais uma joia sub-23.

Líder do Brasileirão, o São Paulo é uma grife na formação de talentos. Cito pelo menos três nesta campanha pelo hepta: o volante Luan Santos e o excelente par moderno de meias formado por Igor Gomes e Gabriel Sara. As três crias de Cotia têm apenas 21 anos.

Tite é atento. Não tem preguiça. Escolhe jogos a dedo para assistir in loco. Visionário, convocou recentemente Gabriel Menino como alternativa para a lateral direita. Chamou Matheus Henrique e avaliou o trabalho dele na Granja Comary. Monitora as sequências de Jean Pyerre, Igor Gomes e Gabriel Sara nos times e nas seleções de base antes de promovê-los.

O desafio de Tite e todos os técnicos do país é aprimorar o relacionamento com a nova safra. São jogadores blindados por estafes de dificuldades comuns do dia a dia. Exposta a uma rotina de privilégios que, quase sempre, se converte em superproteção e deslumbre. Eis o desafio: manter a Geração Z focada para que se transforme, talvez no Qatar, em geração H. De hexa!