O ano do esporte começa com uma boa nova vinda do país-sede da Copa 2022. Na terça-feira, uma reunião dos países árabes, na Arábia Saudita, selará a paz com o Catar. O que isso significa para você que está planejando ir ao próximo Mundial? Na prática, a viagem do Brasil a Doha terá 14 horas — duas a menos do que neste período de embargo.
Acusado de apoiar grupos terroristas, o Catar — nação de 11.581km² e 2,8 milhões de habitantes (menos que a população do DF) — viu Arábia Saudita, Bahrein, Egito, Emirados Árabes Unidos, Líbia, Maldivas e Iêmen cortarem relações diplomáticas e econômicas em 2017. Houve fechamento de fronteiras. Hoje, aviões que partem em direção a Doha são impedidos de sobrevoar o espaço aéreo de países vizinhos. A Arábia Saudita fechou a única ligação do Catar por terra com o restante da Península Arábica. O impasse preocupa a Fifa.
Em tese, o fim do embargo é mais uma conquista do Catar. Considerado o “patinho feio” da região, o país virou piada ao lançar candidatura para receber a Copa 2022. Quando vizinhos como os Emirados Árabes Unidos começaram a levar a sério e perceberam que a possibilidade de vitória do Catar ganhava força no colégio eleitoral da Fifa, sugeriram parceria para hospedar o megaevento. Era tarde demais. Sozinho, o Catar superou de maneira polêmica EUA, Japão, Coreia do Sul e Austrália. Assim, receberá a primeira Copa no Oriente Médio.
Mesmo isolado, o Catar celebra vitórias. Dona do Paris Saint-Germain, a Qatar Sports Investment (QSI), bancada pelo xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, tirou Neymar do Barcelona. A nação viu a Fifa desistir da primeira Copa com 48 países em 2022. Isso forçaria o emirado a pedir ajuda a vizinhos.
Em 2019, o Catar foi campeão da Copa da Ásia em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. Inclusive, eliminou os anfitriões nas semifinais. Torcedores locais atiraram chinelos na seleção catari — um dos maiores insultos na cultura árabe. Em 2020, celebrou a classificação do PSG para a final da Champions contra o Bayern de Munique.
Como se não bastasse a corrida pelo poder de influência na região, há uma queda de braço na Europa, o centro do futebol. O Catar, do xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, é mecenas do PSG. Os Emirados Árabes Unidos, de Khalifa Bin Zayed Al Nahyan, bancam o Manchester City. Logo, a trégua será no máximo até a metade deste ano. Explico: Messi deixará o Barcelona. A QSI quer vê-lo ao lado de Neymar no PSG. O City Group, dono do Manchester City, dá como certa a volta da parceria Messi-Pep Guardiola. Resta-nos dizer: A paz esteja com eles!