A pandemia de covid-19 tem provocado efeitos perversos que vão muito além da contaminação pelo novo coronavírus. O fantasma da doença impacta fortemente a saúde mental, que fica muito fragilizada diante de uma ameaça invisível e mortal. Isolados em casa, afastados da família ou internados longe de entes queridos, muitos desenvolvem ou têm agravados quadros de depressão, ansiedade ou síndrome de Burnout (esgotamento físico e mental intenso), entre outras patologias mentais.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o segundo país com maior número de pessoas com depressão nas Américas, com 5,8% da população acometida pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos. É também o país com maior prevalência de ansiedade: 9,3%. E o suicídio, tema ainda tabu, mas que precisa ser encarado de frente, representou 12,5 mil vidas perdidas em 2017, segundo o Ministério da Saúde. No Brasil, a cada 46 minutos uma pessoa tira a própria vida, sendo mais observada na parcela de jovens entre 15 e 29 anos e relacionada a alguma doença mental, principalmente a depressão.
Esses dados sinalizam para a situação epidêmica e o grave problema de saúde pública, que tende a piorar ainda mais com a covid-19. Estudos preveem um aumento expressivo do número de quadros ligados ao sofrimento mental pós-pandemia. Em 2000, já se previa que a depressão seria uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo até 2030, mas a pandemia antecipou esse quadro catastrófico.
Um estudo coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no ano passado, apontou que 55% dos trabalhadores brasileiros que atuam nos serviços essenciais desenvolveram sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia da covid-19. O efeito da pandemia na saúde individual e na sociedade, na economia e no custo para o sistema de saúde público e privado é enorme, constituindo causa de afastamento de trabalho. Muitas empresas, inclusive, estão adotando programas de prevenção para evitar o aumento do absenteísmo e a queda de produtividade que são muito frequentes nas doenças mentais, exacerbadas neste contexto do novo coronavírus.
E o que fazer diante desse cenário? Mais do que nunca, é fundamental procurar ajuda profissional, entender que nem sempre é possível resolver os problemas sozinho. Especialistas alertam que quadros de ansiedade e depressão podem levar a distúrbios do sono, agressividade, baixo nível de tolerância, abuso de substâncias psicoativas e ideação suicida, além do agravamento de transtornos mentais preexistentes.
É importante que haja uma intervenção por parte de especialistas e campanhas públicas para conscientizar sobre a importância de cuidar da saúde mental. Conversar com familiares e amigos, ainda que por meios digitais neste momento de pandemia, médicos psiquiatras e psicólogos pode ajudar a entender os gatilhos dos quadros de estresse, ansiedade ou depressão.
Mudar hábitos de vida, procurar uma alimentação saudável e equilibrada, fazer atividades físicas, meditação, exercícios de relaxamento, procurar um hobby e manter uma rede socioafetiva são estratégias que ajudam no enfrentamento dos desafios e na busca por uma melhor qualidade de vida. Este deve ser o investimento de todos. A pandemia vai passar. E a sua saúde mental? Como fica?
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