Yossi Shelley - Embaixador de Israel no Brasil
Ontem, 27 de janeiro, lembramos o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A data foi escolhida por resolução da Assembleia-Geral das Nações Unidas em 2005, em razão da libertação pelas tropas soviéticas em 1945 dos prisioneiros de Auschwitz, o maior campo de extermínio nazista localizado no sul da Polônia. A data marca não só a memória dos seis milhões de judeus assassinados, mas de todas as vítimas deste vergonhoso capítulo da história humana. É preciso falar da importância da data, principalmente, quando, no presente, ainda vivenciamos episódios de antissemitismo, racismo e outras formas de intolerância por todo o mundo.
Como judeu, é meu dever jamais esquecer e nunca permitir o silêncio em situações em que a veracidade da nossa história seja colocada à prova. Negar o Holocausto, além de ser uma tentativa imoral de apagamento e distorção dos fatos, é uma forma de violentar, mais uma vez, os sobreviventes. É inaceitável e deve ser firmemente combatido. A cada ano, o número de judeus sobreviventes diminui, é nossa responsabilidade não deixar que suas vozes sejam silenciadas e o testemunho de quem viveu o horror seja esquecido.
Passados 76 anos desde a libertação de Auschwitz, ainda há muito o que ser dito e lembrado sobre o Holocausto. Há pesquisas que indicam que o número de jovens que desconhecem o assunto vem aumentando, isto é extremamente preocupante. É um compromisso humano seguir educando sobre o Holocausto para que nunca mais algo tão tenebroso volte a acontecer.
Em Israel, lembrar o Holocausto é parte da nossa vivência como sociedade. Em nosso calendário judaico, celebramos, anualmente, o Yom HaShoá VehaGvurá (Dia do Holocausto e do Heroísmo), um importante feriado nacional para recordar o genocídio dos seis milhões de judeus e celebrar o ato de heroísmo de todos os judeus que lutaram contra as tropas nazistas. Ontem, às 10h, sirenes soaram por todo o país e todos permaneceram parados em silêncio por dois minutos. Temos, também, o Yad Vashem, o maior e mais completo memorial do mundo dedicado a contar sobre o Holocausto. Sua importância pode ser medida pelo número de autoridades, pesquisadores, estudantes e pessoas de todo o mundo que visitam o espaço em busca de um melhor conhecimento sobre o tema.
Como israelense, tenho muito orgulho da história do meu país. Com a sua independência assinada em 14 maio de 1948, o Estado de Israel tornou-se, oficialmente, uma nação para o povo judeu, onde não mais seremos expulsos, perseguidos e mortos pelo único fato de sermos judeus. Hoje, somos a oitava potência mundial, um feito único considerando que temos apenas 72 anos de fundação e tivemos que lidar com inúmeras adversidades ao longo de nossa existência. Não esquecer a nossa história de séculos de perseguições e massacres nos impulsiona a sermos um país forte que encara seus desafios de frente.
Recentemente, acompanhamos com entusiasmo os acordos históricos de paz e restabelecimento das relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Esta é uma prova de que com respeito e diálogo, podemos escrever juntos um promissor capítulo de nossa história. Para manter o contínuo processo de paz, o mundo deve saber que o regime iraniano e seus representantes estão constantemente espalhando o terror, e negando ao estado de Israel seu direito de existir. O povo judeu vive sob a ameaça de destruição do regime do Irã, o que nos obriga a estar preparados para nos defendermos.
Nós prometemos que nunca deixaríamos a humanidade repetir o horror do Holocausto novamente. E parar o regime Iraniano é uma das formas de fazer isso. Israel e outros países do Oriente Médio desejam um futuro melhor. Esse é nosso jeito de honrar a memória das vítimas do Holocausto e suas famílias. Nós lembramos!
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