Sr. Redator

Esperança

Você acredita em 2021? A mensagem curta viralizou na internet. Fernanda Montenegro, cabelos brancos ao vento, diante do mar e do horizonte, era a encarnação da “Esperança”. A voz grave da diva de 91 anos, inconfundível, atravessou nossa pele endurecida por tantas desgraças, tantas mortes, tanto luto que nem pôde ser vivido direito em 2020. Estamos muito sensíveis. A mensagem de Fernanda fez chorar. As redes se debulharam em lágrimas. Pasmem, depois, descobrimos que a mensagem era do Banco Itaú. Não era uma mensagem da Fernanda. Era uma propaganda disfarçada. Uma criação da Agência África, para ser narrado em off pela atriz, inicialmente de costas, terminando com seu olhar direto em nossa alma. E uma hashtag. Acredite em 2021. Não havia a marca do banco Itaú no vídeo, compartilhado por sofreguidão por todos que amam Fernanda. Desejamos acreditar na cura, na vacina, no abraço, no emprego, no amor, na alegria, nos amigos do peito. Propaganda? Ah, não havíamos percebido o laranja do xale de Fernanda. Ali estava a marca da empresa, no xale que se mexia com a brisa e passava uma sensação de frescor. E no céu alaranjado do pôr do sol. O Brasil chorou com o comercial e a trilha sentimental, sem saber que era comercial. Se você se sentiu enganado ou não, uma coisa precisamos admitir: foi uma tremenda jogada de marketing. A população se emociona sim. Estamos chorando fácil. Porque estamos precisamos tanto de esperança quanto de vacina ao fim de um ano devastador, de provações. A esperança é nosso oxigênio! Em tempo: Um banco precisa se disfarçar para conquistar o cliente? Precisa fingir que não é banco?
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras


Violência

Está certo o ministro Gilmar Mendes, ao afirmar que o feminicídio no Brasil é endêmico. Está no ponto a indignação do ministro Luiz Fux com a violência doméstica contra a mulher. Mas, para além dessa indignação, o presidente do CNJ (Fux) precisa voltar seu olhar para juízes dissonantes com o respeito à mulher como, por exemplo, para o juiz em São Paulo, que “não está nem aí para a Lei Maria da Penha” (Visão do Correio, 26/2); Ademais, se nossas leis não são o bastante, que venha uma Lei Viviane, melhor ainda, que se adote Convenção Internacional pertinente, de preferência sem o beneplácito da progressão de pena e do limite temporal de prisão. Faça-se eco ao lema do artigo da jornalista Taís Braga, “vidas de mulheres importam”!
» Marcos Paulino
Águas Claras


Fraterno vírus

A Organização Mundial da Saúde Espiritual (OMSE) alerta que está circulando novamente entre a população o fraterno vírus, ou vírus da fraternidade, típico desta época do ano. Ao contrário dos vírus que causam doenças e mortes, o fraterno vírus causa somente mais vida. Seus sintomas são a leveza no coração, a alegria permanente, a tolerância, a solidariedade, a esperança e, sobretudo, o sentimento que lhe dá o nome, a fraternidade. Embora praticamente toda a população mundial seja contagiada por ele, a maior parte permanece assintomática, ou confunde seus sintomas com outros também comuns nesta época do ano, como os sentimentos de euforia decorrentes do consumo excessivo de comidas, bebidas e presentes. Uma parte pequena chega a desenvolvê-los, mas apenas durante um curto período. E somente uma fração bem pequena o contrai de forma crônica, mantendo seus sintomas continuamente pelos meses e anos seguintes. Para se expor ao contágio do fraterno vírus, a OMSE recomenda: evitar o isolamento do espírito, o expondo o máximo possível ao contato social; deixar de usar as máscaras da hipocrisia, da falsidade, do orgulho e da ostentação; estender as mãos sem medo a todos os necessitados; e manter em dia as vacinas contra o ódio, a inveja e o egoísmo, todas de eficácia comprovada, sem efeitos colaterais e disponíveis na rede pública do convívio social sadio e harmônico. Portadores crônicos do fraterno-vírus, os técnicos da OMSE têm esperança de que este ano mais pessoas se exponham a ele e sintam seus sintomas, criando uma contaminação de rebanho que torne o mundo melhor e mais fraterno.
» João Paulo Viana Magalhães,
Asa Sul


Educação

Senhor Bolsonaro, dois anos no exercício de mais alto mandatário, porém não vislumbro nenhuma perspetiva positiva em função de seus dotes administrativos, criou muita desconfiança tentando proteger seus filhos que, ao que parece não rezam da mesma oração dos crédulos e bem intencionados. O senhor foi até hoje presidente do Exército e das polícias, aumentou salários, deu privilégios, os isentou de ônus e não deixou de ir às formaturas de todo tipo de policial, isso o senhor fez muito bem. O senhor tem ainda dois anos, foque na educação básica, visite escolas, principalmente as que estão dando certo — elas servirão de exemplo —, melhore o salário do professor que aí as melhores cabeças se sentirão estimuladas a serem também professores. Escola que deu certo normalmente é bem administrada, crie projetos de preparação para administração de escolas, pague bem o diretor escolar, boas cabeças precisam ser bem remuneradas. Um presidente que isenta de imposto a importação de armas, diminui a verba da educação, só pensa em eliminar adversários políticos, não tem nenhuma chance de dar certo. Presidente, de puxa-saco e tiririca (erva daninha), o senhor está bem cercado. Assessoria honesta, que lhe abria os olhos e lhe dizia verdades, o senhor defenestrou. Agora, resta analisar o que eu e uma infinidade de brasileiros estão sinalizando. Repito, valorize a educação de base, veja bem quem colocar no MEC, priorize a preparação de professores e diretores bem remunerados e este país vai melhorar rapidamente.
» Valter Eleutério da Silva,
Taguatinga