Uma característica em comum marca os mestres enxadristas, os grandes jogadores de pôquer, os atletas de ponta, os grandes líderes: a capacidade imediata de rever jogadas e aprender rapidamente com os erros. A releitura é, mais do que tudo, uma forma de aprimoramento profissional. O ano de 2020, por tudo que envolve, dará essa chance a todos nós. Revisitar os últimos meses será importante para o amadurecimento pessoal e, claro, político.
Vamos olhar a partir de março. A disseminação do novo coronavírus nos apresentou novas formas de trabalhar, de comprar, de vender, de se relacionar e de se divertir. O virtual esteve muito mais presente do que o presencial nos últimos nove meses. O teletrabalho chegou e não dá sinais de que vai embora tão cedo. Vivemos uma nova fase de recrudescimento da pandemia e entraremos em 2021 muito pior do que em 2020 — em janeiro, para quem não se lembra, a covid-19 parecia ser um problema restrito à China. Agora, é mundial.
2020 também dará a oportunidade de vermos como outras nações trataram problemas idênticos aos nossos. Afinal, independentemente do grau de desenvolvimento ou de pujança da economia, a pandemia se apresentou de forma muito semelhante em todo o globo, com dilemas sociais, financeiros e comportamentais atingindo a todos. E como cada país reagiu é que está fazendo a diferença.
No Reino Unido e nos EUA, a vacinação dos grupos prioritários contra a covid-19 começou. Na última semana de dezembro, deve avançar pelos países da União Europeia. No Brasil, agora que fomos apresentados a um “plano nacional de imunização”, que aborda o tema de uma forma genérica, sem respostas às principais questões. Não há certeza se vai começar em janeiro, fevereiro ou março. É mais um reflexo de como a doença foi tratada pelo governo federal, inclusive, com discursos favoráveis aos grupos antivacina. O ano, que está na sua última quinzena, deixará enormes lições. A necessidade da releitura dos fatos será uma delas. Faça. Fará bem.