Sr. Redator

Eleições de criminosos ameaçam nossa frágil democracia II

Foi mencionado, aqui neste espaço, o grande perigo para a frágil democracia do Brasil que o avanço de representantes do crime organizado e das milícias vêm empreendendo sobre o aparelho do Estado por meio do processo eleitoral. Em cidades como o Rio de Janeiro, esses sinais são bem claros para todo mundo e ocorrem sobre os cadáveres de muitos candidatos, abatidos, um a um, em plena luz do dia.

A pavimentação com o sangue daqueles postulantes que não interessam aos criminosos dá uma pista do que está se armando no horizonte, fazendo com que nossa atual situação transforme as sete pragas do Egito bíblico num conto infantil.

Uma vez atingida a posição de mando dentro do Estado com suas ramificações posteriores, apanhar esses malfeitores será tarefa de difícil execução, pois esses facínoras terão as facilidades do cargo para se manterem impunes até trânsito em julgado, o que nunca acontecerá.

De um tempo para cá, o crime organizado vem se especializando na lavagem de dinheiro, e, não por acaso, tem encontrado nos labirintos das instituições públicas um recanto tranquilo para expandir seus negócios, ao mesmo tempo em que branqueiam e oficializam a origem de seus butins.

Foi-se o tempo em que obras de arte, cavalos, fazendas, times de futebol e outros meios eram usados para lavar dinheiro. Também não é segredo para ninguém que o crime organizado, muito tem aprendido com os mestres da corrupção, travestidos de políticos, quase sempre impunes, mesmo depois de saquearem bilhões de reais dos cofres públicos a cada ano.

Nos últimos meses, 14 candidatos às eleições municipais no estado do Rio de Janeiro foram baleados. Oito morreram, todos disputavam o pleito pela Baixada Fluminense, área de disputa entre traficantes e milicianos. Em outras regiões, os casos se repetem. Nessas e em outras áreas, só fazem campanhas políticas os candidatos com licença prévia dos bandidos que comandam o local.

A lei do silêncio é total. Também a população, em meio ao fogo cruzado, é assediada e coagida a votar apenas nos candidatos apontados pelos quadrilheiros. Uma investigação séria em qualquer dessas câmaras legislativas mostra, facilmente, indivíduos envolvidos com essas facções. Essas eleições têm apontado que o crime organizado já arrombou a porta do Estado de onde comandam seus negócios, dentro e fora dessas instituições. Alguns analistas dessa situação não têm receio em afirmar que o Brasil vive um processo de “colombialização”, nos mesmos moldes em que eram vistos naquele país Sul-americano na década de 1980.

Para coroar uma situação que, em si, é por demais dramática, está em curso um amplo movimento, apoiado, inclusive, pelo atual presidente da República e muitos de seus ministros e apoiadores, para o retorno dos cassinos ao Brasil. Caso isso venha a ocorrer, estarão dados todos os elementos para a criação de um Brasil paralelo, comandado por uma espécie de organização formada por políticos corruptos, crime organizado e um tipo de forças armadas que, em seguida, virá constituída exclusivamente para dar proteção a essa gente poderosa e abafar quaisquer tentativas de moralização do Estado.

Em tempos de pandemia e de profunda crise econômica, com milhões de desempregados, fechamento de milhares de estabelecimentos e de incertezas políticas de toda a ordem, está dado o caldo ideal para a fermentação desse Brasil que não podemos aceitar nem nos mais sinistros dos pesadelos. Os brasileiros de bem sabem que o que o país necessita de boas escolas, hospitais eficientes, segurança, trabalho e assistência adequada do Estado, e não de cassinos e outros tipos de negócio cuja única função é enriquecer a bandidagem e aumentar, com isso, a criminalidade e a violência, já em níveis de guerra civil não declarada.

 

A frase que foi pronunciada

“Quando eu saí em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria na prisão.”

Nelson Mandela, advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999

 

Mais conforto

» No total, 14 paradas de ônibus entregues pela Secretaria de Transporte e Mobilidade. Lago Norte, Trevo Triagem Norte, Sol Nascente, Ceilândia, Planaltina e Samambaia. Algumas forçam a parada dos carros que estão atrás dos ônibus por falta de recuo. Mas, os passageiros estão mais seguros em lugares mais confortáveis. A grande novidade é o acesso para os cadeirantes, com rampas que facilitam a mobilidade.


Interessante

» Há mais de 15 dias, a imprensa mostrava as praias do Rio de Janeiro lotadas. Nenhuma tragédia ovidiana aconteceu. Em Brasília, não é diferente. O reflexo disso é claro. Como o hospital de Santa Maria que transformou leitos da covid-19 para pacientes com outros tipos de atendimento, haverá menos vagas.

 

História de Brasília

Na homenagem dos Diários Associados ao prefeito Sette Câmara, um detalhe muito comentado foi o sapato e a boca da calça do prefeito completamente enlameados. (Publicado em 16/12/1961)