Uma data inesquecível
Duas eleições, quase simultâneas, disputadas em dois países diferentes e com a participação de pelos menos 100 milhões de eleitores, terão cada uma de acordo com suas consequências específicas, o condão de direta ou indiretamente influenciar o pleito para as próximas disputas ao cargo de presidente da República em 2022.
Tanto os resultados da eleição para a Presidência nos Estados Unidos, quanto os derivados dos pleitos municipais, apontarão que direções tomarão as disputas daqui a dois anos. Isso por uma razão até singela: o presidente Jair Bolsonaro, cuja a velocidade da língua supera a do raciocínio lógico, já declarou aos quatro ventos sua predileção por determinados candidatos, rompendo um ensinamento básico da escola política que orienta discrição em momentos incertos e imprevisíveis como estes.
Apuradas as urnas nesses dois mundos distantes, e em razão de opções fora da hora, o cidadão brasileiro saberá, com certa antecipação, quanto de horizonte de mandato resta ao atual presidente. A depender dos resultados interno e externo, restará ao presidente brasileiro enveredar por onde sopra o vento ou se aventurar a lutar contra as águas turvas do destino. Por certo, Bolsonaro percebe essa encruzilhada armada à sua frente.
A depender de sua capacidade de adaptação aos fatos novos, o restante de seu mandato e, quem sabe, o próximo, estarão delineados bem debaixo de seus olhos. A oposição também sabe da importância desses dois pleitos realizados agora e já se articula, com aquilo que eventualmente sobrou dela nesses últimos anos, para melhor chegar em 2022.
Talvez o mais surpreendente nesses cenários que ocorrem dentro e fora do país, seja o fato de que, mesmo sob o regime severo de uma pandemia que vai minando qualquer possibilidade de recuperação da economia mundial e, particularmente, da nossa, o governo brasileiro segue sua trajetória de campanha política ininterrupta, desde 2019.
Quem sabe a mobilização inédita havida nos estados para atrair o eleitorado, mesmo sob a condição de voto facultativo, não desperte também no Brasil a mobilização dos cidadãos, submetidos ao regime de voto obrigatório discutir a tecnologia utilizada das eleições. Aplicativos para telefones celulares, redes da internet em comunicação direta com o planeta, aparelhos sofisticados capazes de alcançar qualquer um das mais altas torres de vigilância onde são observados por um mundo de sentinelas atentos.
Toda a parafernália eletrônica seria apenas para servir de ferramenta de fiscalização e não como possibilidade de exercer o direito do voto. Basta observar que o país mais poderoso do mundo não adotou a urna eletrônica. Acredita no voto pelos correios, mas não em uma urna eletrônica.
O cidadão exerce a democracia de modo que, se houver qualquer dúvida pelo pleito, é possível a recontagem de voto a voto, cédula a cédula de votação. Decidindo o STF de que essa eleição será sem o voto impresso, com as fundamentações baseadas em papéis de casca de ovo, num veredito para lá de discutível, dadas as severas desconfianças que pesam sobre as urnas eletrônicas, todo cuidado é pouco, principalmente quando se conhece o potencial de nossos políticos para contornar as barreiras da lei para impor seus próprios desígnios.
Diversas iniciativas visando aumentar a transparência de todo o pleito já estão disponíveis para serem baixadas nos celulares dos eleitores. O mais atual, chamado de Barômetro da Corrupção, é capaz de fornecer, por enquanto, informações sobre eventuais processos na Justiça de mais de 850 políticos. Trata-se de uma ferramenta preciosíssima para peneirar aqueles candidatos enrolados com a lei. Esse mesmo aplicativo será capaz em breve de fornecer informações completas sobre a folha corrida de mais de sete mil candidatos que disputarão as próximas eleições. Ou seja, toda a vida pregressa dos postulantes estará disponível a um toque do celular, possibilitando ao eleitor ter em tempo real o dossiê de seus candidatos, enquanto aguarda na fila de votação.
Existe, ainda, a disposição do eleitor o aplicativo Ranking dos Políticos, que acompanha a performance de cada um dos 513 deputados e dos 81 senadores e que conta com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais. Cientistas políticos concordam que o surgimento dessas ferramentas contribui de forma positiva nas eleições, municiando os cidadãos com perfil fiel dos postulantes, melhorando, significativamente, a transparência das eleições.
A frase que foi pronunciada
“Essa iniciativa levará a uma grande fraude eleitoral. A eleição de 2020 foi fraudada.”
Presidente norte-americano Trump sobre o voto pelos Correios
Sem respeito
Provavelmente, o espaço Panorama tem atormentado a vida dos vizinhos que pagam o IPTU mais caro da cidade. No último fim de semana, um trio elétrico impediu o descanso, como dizia o filósofo de Mondubim, ao redor de sete léguas. Estranho nisso tudo é que há lei para o silêncio, mas nem todos cumprem. Talvez porque tenham a certeza de que órgãos de fiscalização de Brasília para esse fim são parciais, incompetentes, ineficientes e inócuos.
Mais uma
Cachorros de grande porte na rua sem focinheira é mais comum de se ver do que se imagina. Também não há fiscalização.
História de Brasília
Provavelmente, não se realizará agora o concurso para médicos no IAPC. É voz corrente que a sua realização se efetivará somente depois da aprovação do projeto 620. (Publicado em 19/01/1962)