Com o surgimento da segunda onda da pandemia do novo coronavírus na Europa — governos voltaram a decretar lockdown, como o da Inglaterra —, ganham corpo as projeções econômicas pessimistas, inclusive no Brasil, caso haja recrudescimento da enfermidade abaixo da linha do Equador e as atividades não essenciais tiverem de ser interrompidas novamente. A boa notícia, porém, vem da indústria brasileira, que apresentou crescimento pela quinta vez consecutiva, o que cria a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) não leve tombo tão grande quanto o projetado pela maioria dos economistas.
A produção industrial, depois da queda recorde provocada pela pandemia, recuperou as perdas do período mais intenso da crise. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria recuperou, nos cinco meses de seguida recuperação, o prejuízo verificado entre março e abril, de 27,1%, época em que o país praticamente parou, com lojas, bares, restaurantes e shoppings fechados. Esse foi o pior período da história da indústria nacional, que já vinha sofrendo um processo de esvaziamento causado por equivocadas políticas econômicas de governos passados.
Inquestionável que a suspensão das medidas restritivas das atividades econômicas contribuiu para o desempenho do setor produtivo. Mesmo com o fim da quarentena e da flexibilização do isolamento social, a indústria recuou 7,2% em 2020 e a expectativa é de que esse saldo negativo seja revertido nos próximos meses, se uma nova onda da pandemia não atingir o país. Mais um motivo para que a população siga, rigorosamente, as práticas defendidas pelos sanitaristas para barrar a expansão do vírus, como distanciamento social, fim das aglomerações e não deixar de lado práticas de higiene pessoal recomendadas.
A indústria automobilística é a grande vedete dessa nova arrancada da produção em setembro, mês que registrou avanço generalizado em praticamente todas as áreas. Apresentou alta de 14,1%, mas mesmo assim ainda está 12,8 abaixo da performance de fevereiro, mês que antecedeu a pandemia. Outros setores que tiveram crescimento significativo foram máquinas e equipamentos ((12,6%), confecção de artigos de vestuário e acessórios (16,5%) e de couro, calçados e artigos para viagens (17,1%).
Especialistas apontam que a tendência é de expansão da indústria. No entanto, ela se sustentará por um período maior se houver aumento da oferta de empregos. Somente com a recolocação dos milhões de desempregados no mercado de trabalho — o desemprego chegou ao recorde de 14,4% — a roda da economia voltará a girar de forma satisfatória. Para isso, Executivo e Legislativo precisam dar encaminhamento às reformas estruturantes, como a administrativa e tributária, atualmente no Congresso Nacional.
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