A segunda onda da pandemia do novo coronavírus bateu às portas da Europa e assusta todos. Diante da ameaça de um aumento vertiginoso no número de casos e de mortes pela covid-19, autoridades de vários países se viram obrigadas a adotar, novamente, medidas restritivas que tinham sido abandonadas com a chegada do verão no Hemisfério Norte. O medo é real e os governos temem outro colapso no sistema de saúde com a provável falta de leitos hospitalares e de profissionais qualificados para o atendimento à população.
Infectologistas alertam que ações tidas pela comunidade científica como eficazes contra o avanço do vírus precisam ser tomadas, imediatamente. Com a abertura dos bares, restaurantes, espaços públicos e escolas, além dos concorridos balneários, nos meses de verão, foi impossível evitar as grandes aglomerações, o que contribuiu de forma decisiva para a disseminação da doença no continente europeu. O sinal amarelo acendeu quando constatou-se a velocidade em que o vírus está se alastrando, o que não foi previsto nem pelos mais pessimistas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, resumiu bem a situação ao afirmar que essa segunda onda será ainda mais difícil e mortal do que a primeira. Lockdown, a palavra que todos queriam esquecer, voltou a ser mencionada. Macron anunciou confinamento parcial, a partir de hoje, em todo território francês. Na Alemanha, a maior potência econômica europeia, a quarentena entrará em vigor na próxima semana. Os dois países vêm apresentando recordes de contaminação, nos últimos dias.
Para os franceses, o novo confinamento não será tão rígido como o de abril, quando o país praticamente parou. Escolas e creches continuarão funcionando, assim como os serviços públicos. As pessoas poderão sair uma hora por dia para fazer exercícios físicos, compras essenciais e para atendimento médico. Trabalhar fora de casa só para quem não tem condições de desempenhar suas atividades no lar. As ações preventivas serão revistas a cada 15 dias, de acordo com os índices de contaminação.
Os alemães enfrentarão medidas menos rigorosas, mas bares e restaurantes, lotados nos últimos meses, serão fechados temporariamente. As escolas continuarão abertas, o mesmo acontecendo com o comércio, desde que os lojistas sigam o protocolo do governo. Teatros, cinemas e academias também serão fechados. Na Espanha, a taxa de internação em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) é 10 vezes maior do que há 15 dias e, na Holanda, pacientes estão sendo transferidos para a vizinha Alemanha por falta de vagas nos hospitais das cidades mais afetadas.
E o Brasil, qual lição pode tirar da situação no Velho Mundo? O país ainda não deixou para trás a primeira onda da covid-19, de acordo com especialistas, para quem o país estacionou num platô alto da pandemia. Para evitar o surgimento de uma segunda onda, as regras adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devem ser seguidas em sua totalidade e os posicionamentos negacionistas relativos à doença repudiados com veemência. Portanto, seguir as regras de higienização, o uso de máscara e evitar aglomerações continuam sendo o melhor remédio contra a devastadora enfermidade. Até que a vacina chegue.