No passado, mães e pais não pensavam duas vezes para levar os filhos aos postos de saúde para vacinação. Havia filas e até prorrogação das campanhas. O Brasil ganhou notoriedade por ter a maior rede de imunização contra doenças virais. As metas, em sua maioria de 95% do público-alvo, eram alcançadas. O país chegou a erradicar várias doenças preveníveis por meio de vacinação, como sarampo, coqueluche, poliomielite e outras, que, mais tarde, acabaram voltando.
Em todo o planeta, negacionistas começaram a disseminar inverdades sobre as vacinas. O Brasil também foi infectado por essa onda de mentiras a respeito da eficácia das vacinas. Ousaram culpar as vacinas pelos casos de autismo, um distúrbio com causas ainda indefinidas pela ciência, mas absolutamente dissociado dos imunizantes. Desde o fim do século passado, as infecções virais e bacterianas voltaram a atormentar a humanidade.
Hoje, o mundo depara-se com a maior epidemia em mais de um século, causada pelo novo coronavírus. Mais de 1 milhão de vidas foram ceifadas no planeta. No Brasil, o vírus causou a morte de mais de 153 mil brasileiros, e o número de infectados supera 5 milhões. Vários países da Europa enfrentam uma possível segunda onda da covid-19. No Brasil, a primeira ainda não passou.
O fim dos vários estudos sobre uma vacina eficaz contra o coronavírus é esperado com ansiedade pela maioria dos países, independentemente de ideologias ou regimes de governo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), diante do avanço dos testes com os imunizantes, criou um consórcio para distribuir a vacina pelo planeta. O Brasil aderiu ao grupo, sem prejuízo dos acordos bilaterais que fez para ampliar o número de doses que serão oferecidas gratuitamente no país.
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro declarou que a vacina contra o coronavírus “não será obrigatória e ponto final”, respaldando afirmação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de que a adesão dos brasileiros deverá ser voluntária. Foi mais uma resposta direta à afirmação do governador de São Paulo, João Doria, adversário político do presidente, de que todos os paulistas deverão ser imunizados.
A vacinação em massa da população não pode nem deve ser objeto de disputas políticas que serão travadas nas eleições de 2022. Em jogo, estão a vida de pessoas e a superação das mazelas sociais e econômicas causadas pela pandemia. O Brasil e a maior parte dos países afetados pelo novo coronavírus pararam. A economia mundial ficou deprimida. Projetos e planos de governo ficaram contidos nas gavetas. É hora de todos deixarem as rivalidades políticas de lado e se unirem contra a doença. Neste contexto, a vacina desponta como a única solução possível para deter o inimigo invisível que ameaça a humanidade.