Corrupção, sempre ela
Com Cabral invadindo oficialmente o Brasil vieram com ele as virtudes e os vícios da civilização portuguesa, que logo foram impostos aos silvícolas. A opção de fazer das terras achadas uma colônia exclusivamente de exploração, como era corrente no período do mercantilismo, deu o rumo que viria a marcar todo futuro desse lado da América.
Obviamente, os primeiros a sentir os efeitos da corrupção foram os próprios índios, enganados, roubados e, posteriormente, escravizados. Das intrincadas filigranas da burocracia lusa, praticadas por aqui a partir de 1530, herdamos, por questões até de sobrevivência, o que de pior o capitalismo comercial da Era Moderna podia legar. Daqui tudo se extra[ia, da forma mais bruta e sem remorsos, inclusive a dignidade de muitos.
O nepotismo, o clientelismo e o oligarquismo foram introduzidos e enquistados no modus operandi do Estado, de tal forma e por tanto tempo que ainda hoje nos vemos envoltos sob o manto difuso de um modo de proceder que, ao fim, nos mantém acorrentados a um eterno subdesenvolvimento. Se a corrupção é um fenômeno histórico, difícil, depois de cinco séculos de se desvencilhar, é porque ao longo do tempo prosseguimos, por conta própria, alimentando e chocando os ovos dessa serpente, prologando a razão de nossa própria ruína.
Uma das fórmulas mais eficazes de interromper esse ciclo vicioso, sem abarrotar as cadeias com meliantes é conhecida a tempos e só não foi posta em prática por que nunca interessou aos que detinham poder para fazer essas transformações. O que a sociedade brasileira assiste hoje, em pleno século 21, com os escândalos revelados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, nada mais é do prosseguimento natural do girar de uma roda iniciada lá em 1500. Ao longo dos anos, a cada nova geração em formação, temos a oportunidade única de pôr fim a esse ciclo malsã.
É, portanto, na educação de base que estão colocadas as oportunidades de se iniciar um novo e redentor ciclo. Ensinar aos pequeninos, ações do dia a dia como não furar fila, não colar nas provas, devolver o troco errado, não encontrar nada na rua, agradecer, pedir desculpas e a proceder de modo a não levar vantagens em tudo e a qualquer preço, é como plantar uma boa semente para o futuro.
Palestras com esse tema para os estudantes do ensino fundamental e médio seriam uma grande oportunidade durante essa pandemia para levar a crianças e adolescentes uma reflexão que os atinja diariamente.
Jornais, revistas, blogs, mídias sociais, fartos materiais para o exame e crítica dos alunos. Desde a manutenção e respeito pela escola até a arrecadação de fundos para a festinha de São João, são oportunidades para aprender e respeitar o bem comum. Outra chance de os professores explorarem o tema é a eleição do representante de turma. Direitos, deveres, cidadania e democracia. São sempre os representantes os maiores responsáveis pelo combate à corrupção. Ou deveriam ser.
A frase que foi pronunciada
“Nossas grandes democracias ainda tendem a pensar que um homem estúpido tem mais probabilidade de ser honesto do que um homem inteligente, e nossos políticos se aproveitam desse preconceito fingindo ser ainda mais estúpidos do que a natureza os fez.”
Bertrand Russell, New Hopes for a Changing World
Sofrimento
» Alexandrina tinha um salão de beleza antes da pandemia. Juntou seu dinheirinho para construir o muro da casa que conseguiu com tanto sacrifício. Chamou vizinhos e parentes e todos se prontificaram em ajuda-la. Sem noção para uma obra segura e duradoura, no primeiro vendaval o muro desabou. Alexandrina apela para quem puder ajudá-la depositando qualquer quantia na agência do Banco do Brasil 3477-0 conta 23118-5. Veja o apelo gravado por ela no Blog do Ari Cunha.
Renome
» Ibope completa 80 anos de atividades no Brasil. Vamos ver se ainda mantém a vitalidade para acertar na divulgação das pesquisas de intenção de voto pelo país.
Precipício
» Seria bastante útil a promoção de eventos organizados pelo Sindicato dos Professores com o objetivo de dar mais ferramentas para que seus associados consigam manter a atenção dos alunos em salas virtuais. Uma pequena volta em residências com crianças e adolescentes foi o suficiente para atestar que a distância entre a desenvoltura tecnológica dos alunos contra a dos professores. Em uma turma com 15 alunos de 5 anos na tela, a professora levava 45 minutos para fazer a chamada. Cada um deles tinha que circular o próprio nome. Um garoto nos primeiros 5 minutos já estava de cabeça para baixo no sofá. Outra turma, de adolescentes de renomado colégio da cidade o professor pergunta. Já copiaram do quadro? Inacreditável.
Humor e bananas
» Em 1988, o Rio de Janeiro quase elegeu o macaco Tião, para prefeito. Há indícios de que a intenção era para que ele roubasse só bananas. Mehmet Murat ildan, escritor dramaturgo e novelista contemporâneo turco apoia essa ideia.
História de Brasília
Está havendo boa vontade do Chefe de Polícia, do ministério da Justiça, do Primeiro ministro e do presidente da República, em mandar pagar a “dobradinha” à polícia. O DASP, entretanto, acha que não deve pagar, porque os funcionários da polícia ainda não são federais.(Publicado em 18/01/1962)