O labirinto malcheiroso
Não é preciso muita análise científica e acadêmica para se chegar as causas que levam o Brasil a ser um dos campeões mundiais em corrupção. Mesmo para os leigos no assunto, entende-se claramente que por detrás desse flagelo secular, estão, além da persistente e abissal desigualdade social, a carência no sistema educacional e o abandono, por parte do Estado, de largas faixas da população, entregues à própria sorte e obrigada a sobreviver num ambiente social que não difere muito de uma selva hostil e inóspita.
Por outro lado, é preciso não esquecer que essa alienação proposital do Estado, abandonando parcela significativa dos brasileiros, esconde em seu âmago uma causa singular e pontual bem conhecida tanto por cientistas sociais quanto por parte da população. Trata-se aqui do fenômeno da corrupção endêmica que, desde a chegada do Cabral por essas bandas, tem sido o mote a movimentar governos, sejam eles monocráticos ou democráticos.
Aliado a esse flagelo e servindo até como elemento catalisador do caos eterno, está a leniência e mesmo a flagrante e vergonhosa cumplicidade do sistema judicial, incapaz, moral e tecnicamente, de fazer cumprir as leis, principalmente quando essas miram as elites. Não é por outro motivo que, entra ano e sai ano, os casos rumorosos de corrupção vão se sucedendo, numa rotina monótona que parece já não surpreender ninguém, nem mesmo aqueles que, em tese, teriam a obrigação de vigiar para que esses crimes não ocorram.
Infelizmente, a história política do Brasil, por onde quer que se analise, confunde-se muito com a história policial, não sendo possível saber, com exatidão, onde começa uma e termina outra. Com isso não seria exagero afirmar que a política brasileira é, de fato, é um caso policial e que pode ser contada, a partir dos relatos de crimes diversos, perpassando praticamente todo o Código Penal, de A à Z.
Não espanta, pois, que crimes dos mais vexatórios, do ponto de vista das pessoas de bem, se repetem com os mesmos requintes de primariedade e desfaçatez, numa demonstração patente e que explica nossa posição marginal em relação às nações desenvolvidas.
O caso apresentado agora ao país, mostrando o vice-líder do governo Chico Rodrigues (DEM-RR) com grande soma de dinheiro escondida na cueca, numa repetição vergonhosa do que já vimos em tempos recentes, demonstra de forma cabal a total incapacidade de nosso sistema jurídico em punir, de modo exemplar, a continuação desses crimes, que, todos sabemos, são praticados diretamente contra toda a nação, obrigando o Brasil a se manter permanentemente cativo numa espécie do labirinto do Minotauro, sem saídas e sem esperança alguma à frente.
Amanhã, quando mais esse caso cair no esquecimento e esses tristes personagens voltarem lépidos às suas artimanhas, novos casos surgirão, bastando apenas que a polícia revolva o terreno malcheiroso que se acumula em volta de nossa classe política.
A frase que foi pronunciada
“Geralmente o dinheiro custa muito caro.”
Ralph Waldo Emerson, escritor, filósofo e poeta estadunidense
Companhia
» Quem comemora o programa Energia Legal no Sol Nascente é o diretor de Atendimento ao Cliente e Tecnologia da Informação da CEB, Gustavo Álvares. Em declaração à imprensa, ele afirmou que “a instalação ativa da medição nas unidades consumidoras permite que consigamos atender uma quantidade maior de clientes em um curto espaço de tempo, o que é bom para a população e bom para a CEB”.
Impede
» Justiça impede Cristiane Brasil de mudar de endereço sem comunicação prévia à Justiça ou se ausentar do Rio de Janeiro por mais de oito dias sem autorização judicial. Viagens ao exterior foram proibidas. A ex-deputada também deverá cumprir o recolhimento domiciliar noturno a partir das 22h.
Divulgação
» Com os concursos para exposições, conservação fotográfica e projetos para festivais de música, a Funarte reforça compromisso de incentivo à economia das artes. Veja detalhes no Blog do Ari Cunha.
Ações
» Trabalhando sem alarde, a vigilância sanitária fez mais de 70,9 mil ações contra a covid-19. Em hospitais, estabelecimentos comerciais, de março a setembro, multas e interdições foram aplicadas. Márcia Olive, gerente de fiscalização afirmou que tanto hospitais públicos quanto particulares cumpriram o protocolo mantendo os leitos de UTI para atender aos casos de covid-19.
História de Brasília
Os funcionários do Ministério da Justiça, quando o ministro está em Brasília, ficam esperando um tempo imenso pela hora do almoço. É que quando o sr. Alfredo Nasser vai almoçar, manda debitar a conta de todas as mesas ocupadas até então. (Publicado em 18/01/1962)