Desde 1960

Visto, lido e ouvido

Dono é quem cuida

Mesmo diante de um mundo em marcha rápida para um processo irreversível de globalização, nossas relações exteriores foram transformadas em instituição do Estado, numa espécie de apêndice de governo, a experimentar as mais vexaminosas atuações nos foros internacionais. Ainda nos dias atuais, essa atuação apagada e sem o brilho e personalidade de outrora, permanece como um sinal desses tempos de mediocridade e de flagrante despreparo e falta de ética de nossas elites políticas.
Com a nossa diplomacia esvaziada e colocada a reboque dos anseios do governo, e com o reconhecimento tácito de que nossas Forças Armadas dificilmente conseguiriam retaliar uma suposta tomada da região amazônica por forças estrangeiras, não seria exagero acreditar que apenas a sorte ou um tipo qualquer de milagre assegura efetivamente a soberania do Estado brasileiro sobre essa imensa região.
Diante de uma constatação como essa e diante dos conhecidos titubeios dos organismos internacionais em conter disputas territoriais, a sorte sobre os destinos da Amazônia está muito mais entregue às populações locais, do que propriamente ao governo. O governo provou sua incapacidade total de combater e vencer inimigos como o fogo, como os madeireiros, como os invasores de terras, os pecuaristas, os mineradores e outros ecocidas dessa região.
Se nem mesmo esses destruidores desarmados são vencidos numa batalha interna, que dirá caso essa região venha a ser invadida por forças estrangeiras, sob o pretexto de preservação do ecossistema do planeta. Numa hipótese como essa e que não pode ser descartada, tendo em vista a situação global de alarme que atravessamos, de que adiantariam as bravatas e os apelos patrióticos e panfletários como os feitos pelo atual governo?
A Amazônia é nossa, na medida em que possamos demonstrar ao mundo nossas reais capacidades de cuidarmos dela comme il faut. Convenções, tratados e outros acordos podem muito bem serem desconsiderados e tornados letras mortas. A emergência do aquecimento global pode também, numa situação desse tipo, se sobrepujar aos conceitos abstratos como patriotismo, nacionalismos e outros ismos de apelo populista. A instalação de um general, como uma espécie de interventor nessa região, tem provado a pouca eficácia em conter o avanço de uma destruição que é acompanhada pari passu, ao vivo e a cores por todo o mundo. As declarações de êxito nessa missão é desmentida a cada imagem de satélite que é publicada nas redes mundiais.
Numa emergência dessas proporções, o mais sensato, se é que se pode falar em sensatez nesses tempos atuais, seria a transferência provisória da capital para aquela região, com a concentração total de esforços para assegurar a preservação dessa região que tem nos pertencido muito mais por questões de acidente geográfico do que por merecimento.
Não bastassem as ações tímidas e pouco eficientes desse governo em contornar essa que é uma crise, ao mesmo tempo interna e externa, a atuação do atual ministro do Meio Ambiente vai na contramão do que se espera de uma pasta dessa importância numa época como a que atravessamos. A importância desse tema parece escapar a percepção de nossas autoridades, muito mais preocupadas com o processo eleitoral do que com a realidade debaixo do nariz.
Na Europa e nos Estados Unidos, a Amazônia e, agora, o Pantanal têm sido temas de discussões e preocupações nos diferentes fóruns de debates. Ameaças como as feitas pelo candidato à Presidência dos EUA, Joe Biden, alertando nosso governo para parar de destruir a floresta ou vir a ter que enfrentar consequências econômicas, podem muito bem escalar para outros níveis caso essas advertências não venham a se concretizar em ações de fato.
O mais trágico numa situação como essa é que em caso de conflagração para retirar a soberania brasileira sobre essa região, terá que ser enfrentada não diretamente pelos responsáveis que erigiram essa tragédia, mas pelas mesmas populações de pés descalços e famintas que há séculos assistem à sequência de descaso do governo e os casos de corrupção que drenam recursos preciosos dessa região secularmente. Tal como na obra A Oeste nada de novo, de Eric Maria Remarque (1898-1970) e que agora completa quase um século de sua publicação, fica a lição: as guerras não têm nenhuma lógica do ponto de vista de quem está no front. Esses conflitos só interessam aos generais, ministros e outros membros da alta classe, que lucram com a morte de jovens inocentes.


A frase que foi pronunciada

“A Justiça é tão poderosa e necessária no mundo, que o próprio Júpter não tem direito de ser injusto, uma vez estabelecidas as leis do universo.”

Plutarco, historiador, biógrafo, ensaísta e filósofo médio platônico grego (46 - 120 d.C)


Carroças

» Foi o então presidente Collor quem trouxe carros melhores para substituir as “carroças” dos anos 1980 que haviam como única escolha no Brasil. Dê uma espiada do Blog do Ari Cunha. Em termos de carros, continuamos com verdadeiras carroças. Veja o Mercedes Benz AVTR.


História de Brasília
Vou pedir ao Nauro Esteves para redesenhar a área interna das superquadras, para que os carros possam atingir os postos de assistência apenas por um lado, mantendo interrompido o tráfego na W-1.
(Publicado em 17/1/1962)