Saúde mental
Em entrevista, publicada a coluna À Queima Roupa (24/9), o presidente da Associação Comercial do DF, faz eloquentes elogios à Secretaria Pública do DF pelo trabalho que realiza no Setor Comercial Sul. Acho bem merecidos. Lamentável que ele desconheça trabalho igualmente edificante como o que se faz nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Demonstra desconhecimento a essa instituição vinculada à Secretaria de Saúde ao chamá-la de uma coisa, além de afirmar que os criminosos com risco ao Setor Sul são uma tragédia trazidas por essa coisa chamada Caps. Esse senhor desconhece que ali trabalham pessoas altamente qualificadas que oferecem atendimento à saúde mental de forma humanizada e transformadora. Um trabalho que leva vida e luz aos pacientes com sofrimento mental. O Caps não pode ser responsabilizado pelo aparecimento de assassinos que, por ventura, circulem por lá. Sugiro um trabalho integrado com a Secretaria de Segurança Pública, incluindo a Associação Comercial do DF para um atendimento que atenda aos direitos humanos e que traga luz e vida aos corações mais desesperados e escuros dos portadores de transtornos mentais que enfrentam sofrimentos além dos preconceitos existentes na sociedade. É preciso conhecer o trabalho feito pelos Caps para entender a importância do atendimento oferecido com poucos recursos. Para esse conhecimento sugiro o Caps II do Paranoá pela qualidade dispensada aos seus pacientes. Pelas dificuldades de isolamento social e outros fatos, todos nós precisamos disseminar humanidade, pois cada um pode vir a ser um usuário da saúde mental oferecido nesses centros.
» Ismailda Garcia Pacheco,
Águas Claras
Correios
Peço licença para discordar da carta Correios (28/09), publicada em contraponto à carta em que defendo a privatização dos Correios. Alega a leitora que o governo embaraçou as negociações quiçá com o intuito de desgastar a imagem dos Correios frente à população durante a greve. Rememoro que os Correios fizeram 10 greves nos últimos nove anos (fonte: InfoMoney), muito antes de se falar em privatizá-lo. De fato, a ECT teve lucro nos últimos anos, mas isso aconteceu depois de quatro anos seguidos de prejuízo bilionário (fonte: G1 Economia). Neste interregno, o que se vê são os Correios pagando benefícios extra-CLT a funcionários e até mesmo patrocinando o squash, esporte sem nenhuma visibilidade no Brasil. A União possui o monopólio para cartas e correspondências garantido pela Constituição, mas, no de encomendas e periódicos, há concorrência, ocasião em que a ECT perde de goleada na preferência do e-commerce. Outrossim, acho discutível o argumento de que só os Correios entregariam nos rincões do país. Com o tempo, o mercado se autoajusta. Desse modo, respondo à minha pergunta: manter os Correios como empresa pública interessa, sim, aos políticos e a um séquito de privilegiados, que sugam dinheiro público e que, há 15 anos, colocaram os Correios como epicentro do maior escândalo de corrupção havido até então.
» Ricardo Santoro,
Lago Sul
Manipulação
Transparência e decência, definitivamente, foram excluídas do check list do atual governo, sobretudo no campo da informação. O general Hamilton Mourão, vice-presidente, até alguns meses atrás, era visto como um elemento sensado e ponderado dentro do governo, principalmente pelo comportamento nada republicano e destemperado do inquilino eventual do Palácio do Planalto. Decepção, talvez ainda não seja a expressão mais adequada para qualificar o comportamento do general diante dos dados sobre as queimadas e desmatamento que estão destruindo a Amazônia e o Pantanal. Desqualificar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), uma instituição padigmática perante o mundo, por meio de manipulação de dados e outras infâmias, é algo abominável, assim como é o fato de um general de Exército se prestar a ser instrumento para atitudes tão indignas, que lançam nódoas irremovíveis sobre a força militar terrestre. É vergonhosa e deprimente a manipulação dos dados do INPE. A maioria dos países, senão todos, tem satélites que acompanham o que ocorre no planeta Terra. Então, não adianta negar o que vem acontecendo nas florestas do país. As investigações da Polícia Federal e as ações da Advocacia-Geral da União derrubam a falácia do antiministro do Meio Ambiente.
» Giovanna Gouveia,
Águas Claras
Jânio e Bolsonaro
Jânio Quadros implicava com o biquíni e Jair Bolsonaro, com os gays. Jânio distribuía bilhetinhos e Jair, tuítes. Jânio não gostava de negociar com o Congresso e Jair, idem. No entanto, agora mudou! Jânio se incomodava com os constrangimentos institucionais. Certa vez lançou uma provocação a seu ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco: “Creio que a maioria dos ingleses pegaria em armas para defender o seu Parlamento. E o senhor, ministro, pegaria em armas para defender o Congresso brasileiro?”. Bolsonaro, em evento na campanha em 2017, disse: “Se o Kim Jong-un lançasse uma bomba H que só atingisse o parlamento (brasileiro), você acha que alguém ia chorar aqui?”. Os paralelos entre o efêmero presidente de 1961 e o atual são numerosos. O Jânio de outrora e o Jair de hoje partilham as tendências: (1) de ocupar-se de coisas pequenas; e (2) de acreditar que uma canetada muda tendências comportamentais. Diga-se a favor de Jânio que nunca foi desatinado como Bolsonaro ao acrescentar, quando falou sobre turismo gay. “Quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade.” Na constrangedora afirmação, o machismo mais tóxico se punha a serviço do mais predador dos turismos sexuais. Assim é seu governo, Excelência. Cada dia uma decisão, uma orientação, uma revogação do dia anterior. Uma revogação de si mesmo!
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras