Democracia
O objetivo a ser alcançado pela sociedade brasileira é a construção de uma República democrática. Defino República democrática como um sistema político que se sustenta sobre um tripé de valores: liberdade, igualdade e participação popular. Chamo a liberdade de República, a igualdade de democracia. Participação é o agente catalisador, que produz o amálgama de liberdade e igualdade, que vem a ser a República democrática. O fato é que a tradição autoritária, escravocrata e senhorial obstou o desenvolvimento da cidadania e o aprimoramento dos direitos sociais no Brasil. Adverte o sociólogo Pedro Demo: “Entendemos por controle democrático a capacidade da população de manter sob seu controle o Estado e o mercado, de tal sorte que prevaleça o bem comum” (Cidadania pequena: fragilidades e desafios do associativismo no Brasil, 2001). O principal elemento constituinte da sociedade brasileira se fundamenta em um modelo latifundiário escravista, que perdura até os dias de hoje. Discutindo o racismo estrutural, sabemos que a mestiçagem está para a coexistência racial, assim como a diversidade está para a convivência étnica.Temos muito o que avançar em termos multiculturais e pluriculturais para, de fato, solidificar a democracia brasileira.
» Marcos Fabrício Lopes da Silva,
Asa Norte
Correios
No último sábado, na Coluna Sr. Redator (26/9), um leitor reclama do atraso nas entregas de encomendas, afirma que os Correios têm prejuízo, mesmo com o monopólio postal. Compara o desempenho dos Correios públicos com empresas privadas e deduz que a questão da prestação de serviços nos rincões do país será autoajustada pelo mercado. Inicialmente, em relação ao atraso de encomendas, sugiro que assista ao julgamento do dissídio coletivo no dia 21 de setembro, no site do TST, pois comprovará no voto dos ministros que a empresa (governo) provocou essa greve, dificultando as negociações e, quem sabe, no intuito de desgastar a imagem dos Correios perante a sociedade. Buscou propagar esse discurso fácil e oportuno de que a privatização é a melhor solução para a melhoria na prestação dos serviços. Com todo respeito, tal narrativa demonstra pouco conhecimento do tema, uma vez que a empresa não utiliza recursos da União. Pelo contrário, recolheu bilhões em lucros aos cofres do governo federal nos últimos 10 anos. Poucos países no mundo estatizaram o serviço postal e, no Brasil, de dimensão continental, tal iniciativa prejudicará a maioria dos brasileiros. Os preços praticados pelos Correios regulam o mercado e aquecem o e-commerce no Brasil. Os Correios não têm monopólio do mercado de encomendas expressas, portanto, atualmente, as empresas privadas já demonstram desinteresse em prestar serviços nos rincões do país. Recentemente, o ministro das Comunicações divulgou na mídia que o governo pode arrecadar R$ 15 bilhões com a venda de uma empresa que fatura R$ 20 bilhões por ano. Portanto, reproduzo a pergunta do leitor para reflexão: “A quem interessa manter os Correios como empresa pública?”
» Priscila Andrade,
Águas Claras
CPMF
As grandes empresas continuam sendo privilegiadas com redução de encargos, renúncia fiscal e vários outros benefícios, sem contar o que rola nos bastidores das negociações com órgãos governamentais, como bem mostraram as operações da Lava-Jato. Pressionado pelos ricaços, que só lucram e não recolhem impostos, a equipe econômica do governo quer arrancar do trabalhador, pagador de tributos, mais dinheiro para turbinar a campanha eleitoral do presidente Bolsonaro, que, em franca negação da promessa de campanha, quer se manter no Palácio do Planalto a partir de janeiro de 2023. É revoltante assistir ao que essa equipe econômica está fazendo contra os trabalhadores. O senhor Paulo Guedes faz grandes discursos, mas não tem nenhuma proposta decente para tirar o país do atoleiro. A única reforma até agora aprovada, a da Previdência, foi construída pelo Congresso. Ele não pode ser chamado sequer de coautor da lei. Mas, insiste em defender a miserável CPMF para arruinar ainda mais com os mais pobres, para os quais não há políticas sociais ou inclusivas.
» Jorge de Oliveira,
Taquari
Variedades
Procede a ira do ex-deputado Alberto Fraga (Eixo Capital, 25/9). Os prendados filhos de Bolsonaro compram imóveis e pagam a vista, porque poupam desde criança. Já encheram mil cofrinhos. O ministro bajulador das Relações Exteriores saiu chamuscado do Senado. Disse o que não devia e ouviu o que não queria. O ministro da Educação meteu os pés pelas mãos, para o Estadão. Deixou cair a máscara de homofóbico. Recomendo, com entusiasmo, ao leitor Joares Antonio Caovilla (CB, 25/9), meu artigo no portal Diário do Poder, sob o título Sacripanta. Mais uma desastrada afirmação de Bolsonaro, jogando a postura e compostura presidencial para debaixo do tapete: “Os ministros do STF dormem de máscaras, mas pegaram o vírus”. Tudo indica que o plenário da Câmara será mais palco de deplorável sessão fraudulenta, como a de fevereiro de 2019, que elegeu Davi Alcolumbre presidente do Senado e do Congresso. Louvável que diversos senadores que, naquela ocasião, apoiaram Alcolumbre, acordaram do sono profundo e seguirão perfilados e fechados com a Constituição.
» Vicente Limongi Netto,
Lago Norte