Desde sua criação, Brasília vem se colocando no cenário nacional com a deslumbrante arquitetura e urbanismo como modelo de bem-estar e cidadania. É exemplo na proporção de m² de verde por habitante, de respeito ao uso da faixa de pedestre, de alunos matriculados na rede de ensino público, no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo com a necessidade de melhorias. Assim, o título de Capital da Qualidade de Vida, concedido pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (Pnud), eleva nosso orgulho e, ao mesmo tempo, nos impõe responsabilidade, uma vez que Brasília já foi considerada uma das cidades brasileiras com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Orgulho porque, independentemente dos percalços políticos que marcaram a cidade, o cidadão levanta a cabeça e segue trabalhando, pagando os impostos e contribuindo para o resgate da cidadania ofendida. Neste propósito, cada um de nós tem dupla responsabilidade. Primeiro, temos de empreender esforços que assegurem a manutenção do título, conjugando a atuação política do Legislativo e do Executivo na efetivação de políticas públicas que propiciem bem-estar à população.
É importante, também, nos conscientizarmos de que o alto índice de qualidade de vida não atinge igualmente a todos os moradores do Distrito Federal. Renda per capita, educação, saúde, transporte, recreação, habitação, serviços públicos, bens de consumo, clima político e social, saneamento e longevidade são alguns dos critérios para análise das condições de vida de uma cidade.
Riqueza que merece destaque é a diversidade cultural. Abrigar, processar, digerir e reinventar formas tão diversas de convivência fazem com que a população evolua na aceitação das diferenças e no enriquecimento mútuo no dia a dia de uma Brasília diversa. A diversidade é representada não só por brasileiros de todos os rincões, mas por cidadãos de todo o mundo que aqui chegam, se apaixonam e ficam, conscientes de que houve longo caminho percorrido desde o sonho de Dom Bosco, que predestinava a grandeza de Brasília pelas mãos dos candangos que construíram essa obra magnífica com garra, senso de compromisso, trabalho e suor.
Quando apresentamos na Câmara Legislativa o projeto de lei para a criação do Dia da Qualidade de Vida do DF em 23 de setembro, a escolha não foi casual nem aleatória. O que se buscou foi coincidir o dia da qualidade de vida no DF com o início da primavera, estação que nos remete sempre ao esplendor da vida. Não só pela beleza exuberante, mas pela florescência e renascimento da natureza representada nos Ipês, que majestosamente encantam a todos nós.
A primavera nos convoca sempre a reavaliar a vida. Ela nos apresenta a possibilidade de nos vermos como seres vivos mais bonitos. Clama para que sejamos vigilantes e responsáveis pela nossa casa, a Terra. Necessário se faz que protejamos os que a habitam e sejamos corresponsáveis pela harmonia e permanência da abundância da vida. É possível, recomendado e importante compartilhar e manter a beleza e a sustentabilidade de nosso planeta.
Ser a capital da qualidade de vida é dar à população o poder de usufruir dos bens sociais que garantam a cultura da paz, o bem-estar, a felicidade produtiva e duradoura como direito individual e coletivo. E isso é responsabilidade do governo, dos políticos, da sociedade civil e do cidadão que preza a cidadania.
Cabe ao Governo do Distrito Federal, por meio de melhor interlocução com as cidades do Entorno, evitar o crescimento desordenado de nossa Brasília e imprimir um desenvolvimento efetivo nas cinco dimensões: ambiental, cultural, espacial, econômico e social, pois só assim poderão ser implementadas tecnologias sustentáveis e ecologicamente corretas, oferecendo legado saudável para as futuras gerações.
Penso que somos elos da corrente que liga a nossa realidade aos nossos sonhos. Como cidadã brasiliense, sempre trabalhei para que a qualidade de vida no DF e no país não seja prerrogativa de poucos, mas direito de todos. Assim, precisamos usar os ganhos do passado para arquitetarmos o futuro que queremos para a cidade.