“Sou um homem de governo, meus amigos trabalhadores, mas nunca me vereis tomar a causa do poder contra a justiça, da riqueza contra a miséria, da opressão da força contra as liberdades populares.” JK, 1956
Não tive a sorte de conviver com JK, mas acompanhei de perto o entusiasmo do meu pai lendo e recortando as matérias dos jornais e revistas sobre a construção de Brasília. Aprendi em casa o significado de ser um bom presidente. Vivi, na prática, a construção da nova capital do Brasil quando, aos 12 anos, atravessei o Eixo Rodoviário com a minha família. Naquele 30 de julho de 1962, vi as imagens dos recortes de jornal se transformarem em realidade.
A Brasília real, feita de amplos espaços, concreto e vidro, ficou gravada na minha memória para sempre. Acredito que ali começaram a ser construídas as ideias que mais tarde iriam moldar minha visão de mundo. Uma mistura de coragem para empreender e força para realizar, aprendidas com o maior líder político da história nacional, o presidente Juscelino Kubitschek.
Por isso, celebrar os 118 anos de nascimento de JK me faz relembrar o significado da política na vida nacional, a importância de uma liderança generosa para a nação e o respeito às regras democráticas para a construção de um país justo, humano e feliz. JK representa um dos episódios mais férteis da história brasileira. Seu Plano de Metas fez o Brasil crescer 50 anos em apenas cinco, fato sem precedentes na vida política nacional. Afinal, metas não são palavras vazias, mas planos concatenados, feitos por equipes competentes e estrategicamente traçados para gerar resultados.
Juscelino é tudo isso e muito mais. Praticou a democracia com talento, respeitando as instituições, dialogando com os Poderes da República, construindo pontes entre os diversos tecidos sociais do país. E aqui relembro um dos trechos do discurso proferido, em 1957, na Associação Comercial de Santos: “(…) A circunstância de ter participado da luta política em campos opostos não exclui a possibilidade de um entendimento, de uma colaboração entre cidadãos que visam um único objetivo, que é servir o Brasil da melhor maneira”.
Ousado nas ideias e atento às práticas, JK conseguiu interiorizar o Brasil, que até então só enxergava o Oceano Atlântico, sem visualizar o rico e fértil interior do país. Construiu Brasília, transferiu a capital e abriu as imensas fronteiras brasileiras, integrando a nação. Estimulou a indústria nacional e, para torná-la mais eficaz, construiu hidrelétricas para gerar a energia necessária e abriu estradas para transportar a produção. Tudo bem pensado, planejado e realizado dentro das regras democráticas, respeitando a Carta Magna.
Se, hoje, o Centro-Oeste é esta força econômica que alavanca o PIB nacional por meio do agronegócio, devemos a JK, que, ao interiorizar o país, abrindo estradas e oportunidades aos brasileiros, abriu, também, novo ciclo produtivo no Brasil.
Generosamente, soube ouvir os adversários e dialogou com a imprensa combativa e avessa aos seus planos. Resistiu com elegância a todos os ataques, executou com eficiência todos os planos e entregou o prometido na data acordada.
E aqui, mais uma vez, abro um parêntese para citar um trecho dos grandes discursos do presidente, pronunciamento feito à nação em 31 de dezembro de 1956: “(…) Não sou o inventor de Brasília, mas, no meu espírito se arraigou a convicção de que chegou a hora, obedecendo ao que manda a nossa Lei Magna, de praticarmos um ato renovador, um ato político, criador, um ato que, impulsionado pelo crescimento nacional a que acabo de me referir, virá promover a fundação de uma nova era para a nossa pátria”.
JK nos faz sentir saudade dos anos em que o Brasil cresceu economicamente e também floresceu nas artes, nos esportes e na cultura. Com seu jeito leve e gentil, soube amar a música, respeitar os artistas, estimular os esportes e mostrar ao mundo todas as maravilhas do nosso país. Não por acaso foi carinhosamente chamado Presidente Bossa Nova, afinal, seu espírito modernista inspirou Tom Jobim, João Gilberto e Vinicius a recriarem o samba com uma batida diferente. Foi, também, chamado de Presidente Pé Quente porque, em seu governo, a Seleção Brasileira conquistou a Copa de 1958, e Maria Esther Bueno projetou-se internacionalmente nos torneios de Wimbledon e US Open.
São tantas belas histórias e tantas realizações que, neste setembro de 2020, quando Brasília celebra 60 anos de vitórias e JK, 118 anos de nascimento, é com muito orgulho e gratidão que celebramos o maior presidente da história nacional. O político que projetou o Brasil no mundo, integrou o país e fez do Brasil motivo de orgulho para os brasileiros.