O mundo vive um período de quebra de paradigmas e de adaptações em todos os setores. A pandemia do coronavírus tornou-se grande divisor de águas, com proporções e consequências ainda desconhecidas em um século já marcado por grandes transformações no mundo do trabalho, na economia e na velocidade de evolução das tecnologias.
A área de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) também teve mudanças. Acostumados a atividade tradicionalmente presencial, de negociação, persuasão e participação ativa na formulação de leis, regulamentos e políticas públicas por meio de reuniões, encontros e troca de informações, os profissionais de RIG se viram diante do enorme desafio de adaptar as ações a ambientes virtuais e conversas remotas.
Buscaram se adaptar e se capacitar, e mantiveram em alta o diálogo técnico entre a iniciativa privada e o poder público, essência da atividade. Graças ao preparo dos agentes em identificar riscos e oportunidades, bem como em traçar estratégias aptas para o gerenciamento de crises, setores da economia e da sociedade duramente impactados pela pandemia conseguiram garantir algum fôlego para o seu enfrentamento.
A aprovação da medida provisória do setor aéreo foi exemplo da importância da troca de informações entre setor privado e público. O texto foi discutido na Câmara em curto espaço de tempo, com medidas de socorro às companhias aéreas e às concessionárias de aeroportos, entre elas, a preservação de empregos no setor e o amparo aos consumidores.
A criação de linha de crédito para profissionais liberais, como advogados, corretores e arquitetos, a fim de mitigar as perdas financeiras causadas pela crise sanitária foi mais um exemplo de adequação da política proposta pelo governo. Nesse caso, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com base em informações levantadas pelos profissionais de RIG para conferir maior efetividade ao que foi proposto.
A aprovação histórica do Novo Marco do Saneamento, que pode modernizar o setor e garantir o fornecimento de água e esgoto para 90% da população brasileira até 2033, também pode ser exemplo de que foi possível realizar o entendimento entre público e privado, ainda que de forma remota.
Estamos avançando. O texto da primeira parte da reforma tributária abriu a discussão de pauta muito esperada e necessária para a retomada do desenvolvimento do país. Simplificação, redução de custos, transparência, segurança jurídica, combate à evasão e à sonegação e criação de mais empregos e investimentos, por exemplo, são princípios esperados com a reforma. E os profissionais de RIG se movimentam pela aprovação do melhor texto possível.
O lançamento do guia de Práticas Recomendadas para a atividade de RIG, elaborado em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é mais um passo da Abrig na regulamentação da atividade de RIG e na direção de atividade cada vez mais valorizada, técnica, acessível e democrática. Não é fácil lidar com tamanha transformação e gerenciar crises nas proporções que todos estão enfrentando diante de um futuro que chegou sem avisar.
As tecnologias ajudam e são essenciais, o home office veio para ficar, em muitas atividades, porém, nada substitui a presença física quando o assunto é o diálogo constante com os tomadores de decisão. As atividades das comissões do Congresso garantem a participação da sociedade, fundamental para a democracia. A participação remota deve ser tão excepcional quanto as outras medidas impostas para o enfrentamento da pandemia e, caso se prolongue, prescindirá de adaptações para garantir que o acesso seja amplo.
Seguimos firmes, lutando pela regulamentação da atividade de relações institucionais e governamentais e atuando intensamente, por meio da argumentação técnica e empírica, na busca da construção de entendimentos e da convergência de ideias, tendo como base princípios de ética, transparência e integridade. Somos parte ativa dos processos de decisão política que vão contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. E nos orgulhamos disso.
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