O governo promete apresentar uma série de medidas nas áreas social e econômica. Não se trata de iniciativas novas, mas de avanços nas já existentes. Anunciadas de forma vaga aqui e ali, serão especificadas com os pormenores necessários para dar clareza aos próximos passos nas áreas mais sensíveis ao país que se prepara para o pós-pandemia.
Do pacote a ser desembrulhado, duas sobressaem. Uma delas: a prorrogação do auxílio emergencial. O presidente antecipou que R$ 600 é muito para os cofres públicos; R$ 200, como proposto pela equipe econômica, é pouco. O valor deve ficar no meio-termo. A outra: a apresentação do Renda Brasil, nova roupagem do Bolsa Família, com aumento do benefício — de R$ 190 para montante entre R$ 250 e R$ 300.
Além da assistência social, incluem-se programas que apontam para duas vertentes. De um lado, os de melhoria no ambiente de negócios, redução do custo-Brasil e desburocratização do Estado aptos a incentivar os investimentos privados e estimular a criação de empregos. De outro, os de destravamento econômico, que prevê obras de infraestrutura e aceleração das privatizações.
Aos dois eixos deu-se nome inspirado no dístico da Bandeira Nacional — Ordem e Progresso. A ordem mira a sustentabilidade fiscal. O progresso, as obras e investimentos públicos. A conjugação de ambos harmoniza interesses de duas alas do governo — a equipe econômica, sob o comando de Paulo Guedes; e a desenvolvimentista, que tem à frente o ministro Braga Neto, da Casa Civil.
Apesar da falta de novidade, o anúncio é bem-vindo. A imobilidade desestimula. O discurso sem resultados é também pouco animador. Impõe-se dar-se as mãos para avançar. Deixar para trás o mais do mesmo. A observação refere-se, sobretudo, ao Renda Brasil. O programa tem de ser libertador. Sem criar dependência, deve abrir as portas para a emancipação do beneficiário. A transição implica, necessariamente, a retomada do crescimento.
Há muito se cobram definições do ministro da Economia, razão pela qual sofre críticas de membros do Congresso e de setores da sociedade. Paulo Guedes, segundo os insatisfeitos com o ritmo das respostas às urgências nacionais, promete muito e entrega pouco. Na verdade, a crise sanitária impôs medidas emergenciais que levaram à mudança de foco. É hora de voltar aos trilhos.