A Amazônia é vida. Não por ser o pulmão do mundo, pois esse mérito pertence aos oceanos, com suas algas. O vasto tapete verde da maior e mais preservada floresta tropical do planeta abriga tantas vidas animais e vegetais, que algumas, talvez, ainda nem sejam do nosso conhecimento. O gigantismo, os encantos, os desafios e as oportunidades da biodiversidade amazônica ultrapassaram fronteiras e alcançaram o mundo antes mesmo do fenômeno da globalização.
Não há como não admirar ou não respeitar a nossa Amazônia, presente ecológico para todos os brasileiros alocado no norte do país e abraçado por nove estados. Em meio a toda essa riqueza natural, inspiração para cientistas, pesquisadores e estudantes; poetas e pintores; morada de inúmeras plantas e animais e de milhões de brasileiros, vamos falar de queimadas.
Elas contrastam com a paisagem real e inibem a vida. O verde e as cinzas. O yin e o yang. A vida e a morte. O uso do fogo como ferramenta de limpeza e preparo do terreno em atividades agropastoris remonta à antiguidade. E, por passar de pais para filhos, geração a geração, a cultura do fogo é tradição que persiste em muitas comunidades campestres.
Soma-se ao costume a questão econômica, por ser o método mais barato e rápido e o desconhecimento, por alguns produtores rurais, de alternativas seguras. O homem dominou o fogo. Porém, esse instrumento que nos fez escalar mais um degrau na história da evolução humana nem sempre é possível de ser controlado. A queimada pode tornar-se incêndio de grandes proporções com chamas que trazem incalculáveis prejuízos ao meio ambiente e consomem a saúde e a segurança da população e a economia local e do país.
Suprime vidas — humanas e animais — e riquezas naturais importantes, como as utilizadas na fabricação de medicamentos. E, nesse cenário de prejuízos, encontra-se a imagem do Brasil no exterior, com reflexos nos investimentos estrangeiros. A fumaça decorrente do fogo provoca doenças respiratórias e reduz a visibilidade dos tráfegos aéreo e rodoviário. E as queimadas, além do risco de se alastrarem, enfraquecem a terra, diminuem a umidade do solo e provocam erosão e assoreamento, com perda da capacidade dos rios e dos igarapés de circularem no seu curso próprio e multiplicarem as vidas que neles habitam.
Além de queimadas, há os incêndios criminosos e os que ocorrem de forma natural, especialmente no verão amazônico, tendo em vista o clima e a vegetação mais secos. O uso de balões de São João, fogueiras e queima de lixo também preocupam, pois o vento espalha fagulhas e novamente perdemos o controle. Por essas questões, o combate às queimadas na Floresta Amazônica é um dos maiores desafios e prioridade do governo do presidente Jair Bolsonaro, a cargo do Conselho Nacional da Amazônia Legal (Cnal), que tenho a honra de presidir.
Atividades em curso, como a Operação Verde Brasil 2 e o decreto de moratória do fogo, que proíbe as queimadas legais na Amazônia por 120 dias, ressalvadas as praticadas pelas populações tradicionais para abrirem roçados, contribuíram para a redução de 7,6% das queimadas no período de 1º de maio a 31 de julho deste ano. Em julho de 2020 houve 6.800 focos de calor, pouco acima da média histórica, que é 6.400.
Apesar de positivos, esses números não bastam para o governo Bolsonaro, para o Estado brasileiro nem tampouco para a nossa Amazônia. Assim, hoje lançamos a campanha educativa e informativa “Diga sim à vida e não à queimada”. A iniciativa busca conscientizar a população amazônica sobre os riscos das queimadas e sensibilizá-la a substituir o uso do fogo por técnicas mais seguras.
Ocorrerá no âmbito da Operação Verde Brasil 2, contando com o apoio dos Comandos Conjuntos ativos e das pastas que integram o Cnal, em especial, os ministérios da Defesa; do Meio Ambiente; da Saúde; da Ciência, Tecnologia e Inovações; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e das Comunicações, além do Ibama e do ICMBio, que trabalharam com afinco na construção das peças que serão divulgadas. Todo o material foi produzido pelas equipes dessas instituições, sem o custo de contratação de agência de publicidade.
A campanha ocorrerá por etapas e englobará a distribuição de cartazes na região amazônica; conteúdo gráfico para mídias sociais, spots de rádio; vídeos curtos, questionário de conscientização e entrega de cartilhas a produtores rurais, povos tradicionais e comunidade local, além de entrevistas e publicações de notícias e releases pelos órgãos envolvidos.
Também estimula a denúncia por meio do número 0800 61 8080 do Ibama e pelo aplicativo de celular Guardiões da Amazônia, que nasceu com a Operação Verde Brasil 2 e pelo qual o cidadão poderá registrar com foto e coordenada geográfica automática, o local exato de uma queimada.
É importante que a população se conscientize e trabalhe para que as queimadas ilegais deixem de existir. As peças da campanha estarão disponíveis na página da Vice-presidência da República, para que os interessados possam distribuir em seus meios de convívio. Sejamos todos protetores da Amazônia. Proteger e preservar a Amazônia é desenvolver o Brasil.
* Vice-presidente da República