Números redondos causam impacto e, por isso, chamam a atenção. Quando se chega a eles, aproveita-se a oportunidade para acirrar a divulgação, promover debates e lançar campanhas aptas a ajudar a atingir objetivos nacionais, regionais ou referentes a comunidades específicas.
No sábado, o Brasil bateu a marca de 100 mil mortos por covid-19. Foi um choque. Também foi um choque chegar a 10 mil, 20 mil, 50 mil óbitos. É perda de vidas, muitas das quais evitáveis. Nas covas, além de cadáveres, enterram-se projetos, histórias, promessas ceifadas.
Familiar e nacional, o luto deixa recado claro. Conhecido há sete meses, o vírus não escolhe país, clima, etnia ou classe social. O mundo aproxima-se de 20 milhões de contaminados e 750 mil mortos. Nações que, com medidas rígidas, pensaram ter vencido o inimigo, enfrentam novo ataque
Vietnã e Austrália, que pareciam ter a situação sob controle, enfrentam o ressurgimento de casos. A China, em cujo território foi detectado o novo coronavírus, teve de aprender o comportamento do Sars-Cov-2 ao mesmo tempo que ele devorava adultos e crianças. O êxito foi apenas aparente. Novas vítimas engrossam as estatísticas.
O Brasil, cuja extensão territorial impôs diferentes etapas no enfrentamento da infecção, vive drama experimentado por outros países. Unidades da Federação que abrem a economia veem os casos crescerem, o que as obriga a voltar atrás. O vaivém, longe de constituir exceção, é regra.
No doloroso processo, não há de inventar a roda. A roda já foi inventada. Enquanto o mundo não contar com vacina ou medicamento eficaz, impõe-se observar as cautelas que evitam a disseminação do vírus: o distanciamento social, o uso de máscara e a higiene pessoal e do ambiente.
A Nova Zelândia, considerada exemplo no combate à doença e um dos primeiros países a anunciar o fim de novos contágios domésticos, comemorou número redondo — 100 dias sem transmissão. Apesar do sucesso, porém, a primeira-ministra alertou a população para continuar com os cuidados redobrados.
Mais razão tem o Brasil, que registra estabilidade em patamar elevado, de prevenir em vez de remediar. A colaboração dos brasileiros é essencial. Aglomerações em praias, bares e bailes funks, como se viu no fim de semana, têm de ser reprimidos. Os meios de comunicação devem manter a vigilância. As autoridades precisam adotar as medidas para a redução de danos. O melhor remédio, como dizem os especialistas, é não se contagiar.