A iminente transferência do meia Éverton Ribeiro do Flamengo para o Bahia é simbólica. Trata-se do último dos 71 reforços contratados pelo ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello no mandato de 2013 a 2018 a deixar o clube carioca. Não foi fácil adquiri-lo. O dirigente contou-me que o então executivo Rodrigo Caetano passou 15 dias em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, conversando com os xeques do Al -Ahli. A transação custou à época 6 milhões de euros. Dos componentes do quadrado mágico do ano da graça de 2019, ele é o único jogador contratado antes da Era Landim.
Éverton Ribeiro é símbolo da reengenharia financeira do Flamengo. Um
dos divisores entre a fase pobre e a rica do time rubro-negro. Consolidou o novo tempo depois das chegadas de Paolo Guerrero, Diego Ribas e Diego Alves no período de 2015 a 2017.
O Flamengo começa a provar do próprio veneno. Deu aula ao se tornar o clube mais saudável do país financeiramente. Inspirou concorrentes da elite a colocarem a casa em ordem no modelo associativo, via Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ou em parcerias como a Red Bull Bragantino. O time da Gávea passou a ter jogadores assediados pelos emergentes Bahia e Fortaleza. Enfrenta resistência para comprar Léo Ortiz.
O Bahia tira Éverton Ribeiro do Flamengo. O clube carioca apresentou proposta de renovação por um ano, porém o Grupo City foi agressivo na oferta. Propôs dois anos de contrato e um plano de pós-aposentadoria no clube.
O Fortaleza é outro clube reestruturado economicamente. Daí o ataque da
SAF tricolor ao goleiro reserva Santos. Campeão como titular da Copa do Brasil e da Libertadores em 2022, o jogador de 33 anos era intocável sob as ordens de Dorival Júnior. Começou a perder espaço na contratação de Jorge Sampaoli. O argentino deu moral a Matheus Cunha. Rossi virou reserva, depois titular. Santos foi rebaixado a terceira opção no plantel.
Enquanto Bahia e Fortaleza se organizaram para realizar sonhos de consumo como o goleiro Santos e o meia Éverton Ribeiro, o presidente do Corinthians, Augusto Melo, escolheu iludir a Fiel na sondagem a Gabriel Barbosa.
Vamos aos fatos: quando o Flamengo focou no centroavante Paolo Guerrero, o clube havia se estruturado economicamente para tirar do Parque São Jorge o maior ídolo alvinegro à época. Viajou a São Paulo, apresentou proposta ao jogador, convenceu e o levou para o Rio.
Qual foi o remédio amargo tomado pelo Corinthians para abrir conversas sobre o camisa 10 da Gávea? Fortaleza, Bahia e o passado de reconstrução do Flamengo capitaneado por Eduardo Bandeira de Mello dão aulas de gestão ao neófito presidente do Corinthians. Quando assumiu em 2013, Bandeira dispensou Vagner Love para arrumar a casa e contratar Guerrero em 2015. Augusto Melo está disposto a pagar o preço do resgate do gigante Timão? A dar um passos atrás antes de dois à frente?